No último dia 19 de abril de 2024, vivemos a passagem de 30 anos sem Dener.
Muitos jovens das novas gerações não tem conhecimento sobre quem foi esse futebolista excepcional, que teve sua vida ceifada em trágico acidente de carro, quando vivia o auge de sua carreira.
Acompanhe conosco a trajetória do jogador, bem como os relatos e curiosidades sobre ele.
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Breve biografia de Dener
Dener Augusto de Souza, ou simplesmente, Dener, nasceu em 02 de abril de 1971, na imensa São Paulo, Brasil.
Assim como a maioria da população carente paulistana desta época, Dener viveu em meio a um cenário bastante pobre, no bairro Jardim Ede, na Zona Norte da capital.
Perdeu seu pai quando tinha apenas 8 anos de idade, tendo de lidar com adversidades desde muito garoto.
Mas sendo um retrato do povo brasileiro e sua brasilidade, foi à luta. Estudava e trabalhava para ajudar no sustento da casa.
Além disto, claro, era um exímio jogador de futsal.
Seus primeiros passos no futebol foram pela Portuguesa, em 1982, com apenas 11 anos. Por lá, permaneceu por alguns anos, até ter de largar o futebol.
Como sabemos, o futebol não é lucrativo para todos. Em países de menor desenvolvimento, os jovens tem de fazer uma separação muito clara, em idade baixa, sobre qual rumo tomar em suas vidas.
O esporte, sonho de tantos, em diversas oportunidades, é deixado de lado. Isto, para que possam ajudar nas despesas da casa, com empregos formais ou não.
Este foi o caso de Dener.
De toda forma, ele estava destinado a se tornar jogador. Voltou aos gramados em 1988, novamente pela Portuguesa, depois de breve passagem pelo São Paulo. Sua velocidade e dribles impressionavam à todos e o resultado não poderia ser diferente.
Ele demonstrou seu futebol ao Brasil no ano de 1991, na famosa Copa São Paulo de Futebol Jr.
Foi o que ocorreu com Dener no referido ano. Ele, junto de seus companheiros, levaram a Portuguesa ao seu primeiro título da competição.
Dener foi eleito o craque do torneio, subindo ao profissional com muita moral dentro do clube.
Imagem: Domínio Público
Carreira profissional
No ano seguinte do desempenho assombroso na Copinha, Dener dá sequência a sua breve, mas bonita carreira profissional.
Ele já havia estreado profissionalmente em 1989.
Jogando pela Portuguesa, a popular Lusa, ele era a encarnação do futebol brasileiro. Desfilando alegria e talento, ele era extremamente rápido e driblador.
Era capaz de sair de situações inimagináveis. Os defensores acreditavam que já o tinham desarmado, mas quando se davam conta, Dener já estava à caminho do gol.
Jogando aberto pela ponta ou até mesmo como segundo homem de frente, Dener se valia muito de sua condução de bola para chegar ao gol adversário.
Conseguia ter um leque incrível de dribles, variando entre cortes curtos, mas também tapas em profundidade para deixar a marcação para trás na corrida.
Suas grandes atuações fizeram com que o interesse de clubes maiores chegassem.
Logo, em 1993, ele é emprestado para o Grêmio, para disputa do Campeonato Gaúcho. Ele e o Tricolor Gaúcho viveram uma série de momentos juntos.
O famoso título da Copinha pela Portuguesa, foi conquistado em cima do Grêmio, com vitória de 4×0 da Lusa.
Foi também contra o Grêmio a partida de sua estreia, em 1989, mencionada acima.
Como se não bastasse, foi pelo Imortal que ele conquistou seu primeiro título profissional, o Gauchão de 1993.
Finalizado o estadual, ele volta à Portuguesa e finaliza o Brasileirão daquele ano na 9ª colocação. Ótimo desempenho da tradicional, mas modesta equipe paulistana.
Chega o ano de 1994 e Dener é envolvido no mesmo modelo de empréstimo para o campeonato estadual, mas dessa vez ao Vasco da Gama.
Ele segue sua sequência vitoriosa e é Campeão da Taça Guanabara.
Como se não bastasse, ele também teve passagem pela Seleção Brasileira principal, jogando duas partidas.
Um dos pontos mais curiosos e que, sem dúvida, exprime a grandeza do talento de Dener, foi o amistoso disputado entre Vasco da Gama e Newell’s Old Boys.
A equipe argentina, como sabemos, carrega o título de ter revelado, Lionel Messi, além de ter contado com passagem de Diego Armando Maradona.
Naquela oportunidade, Maradona teve a chance de ver de perto o futebol de Dener.
O eterno ídolo argentino ficou estarrecido com a capacidade do jovem driblador e, ao fim da partida o cumprimentou pela grande partida.
Dener, já chamava a atenção do futebol estrangeiro, sobretudo do Sttutgart, da Alemanha.
Foi numa viagem à São Paulo, para visitar sua família e tratar sobre essa possibilidade, que ele sofreu o acidente que interrompeu sua vida.
Imagem: Reprodução X
O trágico acidente
Depois de tantos anos sofridos em sua vida, tudo caminhava positivamente para Dener.
Capaz de cuidar de sua família como jamais antes, ele era um jogador valorizado pelos clubes que passava e que o desejavam.
Seu desempenho dentro de campo era ótimo, rendendo até mesmo vaga na Seleção Brasileira.
Contudo, há coisas que não conseguem ser explicadas de maneira lógica.
Por volta das 5:15h do dia 19 de abril, Otto Gomes Miranda, amigo de Dener, dirigia seu carro pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Eles retornavam de viagem feita à São Paulo, para visitar a família e tratar do interesse do Sttutgart.
Porém, numa fração de segundo, Otto perde o controle do veículo e atinge uma árvore da Lagoa.
Dener, de acordo com a perícia, estava no banco do passageiro, com o banco levemente reclinado. O impacto, que aconteceu em alta velocidade, fez com que o jogador fosse asfixiado pelo cinto de segurança, que estava na altura de seu pescoço. Ademais, sua cabeça atingiu o teto.
Posteriormente, Otto admitiu ter dormido ao volante e perdido o controle do carro. Ele sobreviveu, Dener não.
Ali se encerrava não só a carreira, mas a vida de um garoto. Com índole irretocável confirmada pela família e colegas de profissão, ele é um daqueles casos em que tantos questionamentos divinos são postos à prova.
De nossa parte, cabe passar às gerações futuras a importância de Dener no esporte, bem como conscientizar a população de que o uso indevido do cinto de segurança pode ter um preço altíssimo.
Obrigado, Dener. Por aqui, ficamos com seus lances inesquecíveis na memória.
Imagem: Delfim Vieira/AE
Escrito por Vitor F L Miller.