777 Partners: Americanização do futebol – Parte 1

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Fundada em 2015 por Steven Pasko e Josh Wander, a 777 Partners, sediada em Miami, EUA, é um grupo econômico de investimento nas áreas esportivas e aviação.

Acompanhe conosco o trabalho dos investidores estadunidenses até aqui e onde eles podem chegar.

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Panorama 777 Partners

A 777 Partners é mais uma marca latente da americanização do futebol. Finalmente, em pleno século XXI, os investidores norte americanos se deram conta de que o esporte mais popular do planeta poderia ser um bom negócio.

Desta forma, não só a 777 Partners, como também John Textor, Todd Boehly e tantos outros resolveram embarcar nesta jornada do mundo da bola.

Com isso, os magnatas de Miami já possuem participação societária em seis equipes ao redor do mundo, sendo elas o Vasco da Gama (Brasil), Genoa (Itália), Everton (Inglaterra), Red Star (França), Hertha Berlim (Alemanha) e Standard Liège.

Vejamos o desempenho em cada um deles.

Our Story

Imagem: 777 Partners Reprodução

Genoa

Conhecido por ser o clube mais velho da Itália, o Genoa esbanja tradição.

Além de sua criação histórica datada de 1893, a equipe do norte da Itália possui em seu currículo nove títulos do Campeonato Italiano, sendo um dos quatro maiores vencedores do torneio, atrás apenas de Juventus, Inter e Milan.

Entretanto, é inegável que praticamente 100 anos se passaram desde que o Genoa foi um dos clubes da elite italiana.

Com isso, em setembro de 2021, a 777 Partners resolveu entrar em cena, adquirindo 99,9% das ações do clube, por US$ 175 milhões.

A primeira temporada foi um grande fracasso. O Genoa foi o penúltimo colocado da Série A na temporada 2021/22 e acabou rebaixado depois de 15 anos na primeira divisão.

De todo modo, ficou em segundo lugar na temporada seguinte e voltou à Série A TIM.

Na atual temporada, ocupa a 12ª colocação e um futebol razoável de meio de tabela.

Entretanto, um fato bizarro deve ser exposto. Em 2023, o Genoa perdeu um ponto na classificação da Série B por não ter arcado com o imposto de renda do ano fiscal anterior.

Simplesmente bizarro.

Mais à frente, vocês observarão um departamento jurídico no mínimo incompetente, dado que este é apenas um dos diversos problemas enfrentados por equipes guiadas pela 777 Partners.

Genoa, da 777 Partners, perde ponto por não pagar imposto de renda na Itália - Lance!

Imagem: Genoa Reprodução

Everton

Tradicional clube inglês, o Everton vem passando maus bocados há algum tempo. Estando à beira do rebaixamento nas últimas duas temporadas, essa não é diferente.

De acordo com a imprensa, a 777 Partners teria dado início à compra de cerca de 94% das quotas do clube, que eram de propriedade de Farhad Moshiri. Especula-se que o valor total da transação gire em torno de £ 550 milhões.

Contudo, não há confirmação explícita de finalização da transação, já que aparentemente, de acordo com a mídia britânica, o fundo não conseguiu levantar recursos suficientes para a aquisição.

Logo após a chegada da 777 Partners, uma bomba. O Everton perdeu 10 pontos na tabela de classificação da Premier League por não ter respeitado as diretrizes de lucratividade e sustentabilidade relacionadas a perdas.

Cabe o questionamento. Isto não foi verificado no momento da compra das quotas pela 777 Partners?

De todo modo, o prejuízo foi diminuído com o recurso aplicado e a devolução de quatro dos dez pontos retirados, o que está salvando a entidade do rebaixamento, já que neste momento há uma diferença de cinco pontos em relação ao Luton Town, primeiro time dentro da zona.

Quais serão as perspectivas do Everton nas temporadas seguintes? Entre ter ou não o valor para concretizar a compra do clube, a instituição segue perdida dentro e fora de campo. Um clube como este não pode se contentar com a fuga da Championship constantemente.

Everton 'administration' claims rubbished; 777 Partners takeover 'still on track' to be completed

Imagem: Football 360 Reprodução

Vasco da Gama

Um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, o Vasco da Gama e sua torcida sofrem muito desde 2008, quando a equipe foi rebaixada para a Série B pela primeira vez.

Com um breve período de exceção entre 2011 e 2012, quando o time foi campeão da Copa do Brasil e chegou às quartas de final da Libertadores, a torcida do Cruzmaltino segue sonhando com dias melhores, que ainda não aconteceram.

Por isso, com a chegada da 777 Partners, em janeiro de 2022, os torcedores logo quiseram que a compra fosse efetuada, já que nada de muito pior pudesse acontecer.

No ano de 2021, o Vasco conseguiu a terrível 10ª posição na classificação do Brasileirão Série B. Logo, na temporada seguinte, a 777 Partners atingiu o seu primeiro objetivo, que era a volta à elite do futebol nacional.

Numa Série B de 2022 disputada, o Vasco se classificou em 4º lugar (última vaga), junto dos três outros grandes, Cruzeiro, Grêmio e Bahia.

Apesar disto, os dias de sofrimento do vascaíno não acabaram. Um planejamento errado no início do ano quase rendeu mais um rebaixamento.

A equipe de São Januário se salvou de voltar à Série B com um gol já no fim da última partida. Isto porque foi feito recalculo da rota e o experiente técnico Ramon Diaz foi contratado. Caso contrário, com certeza o time teria amargado mais um descenso. Isto, sendo um dos times que mais gastou em transferências em 2023.

Será que neste ano o Vasco da Gama finalmente reencontrará seus dias de glória?

Executivos da 777 Partners visitam o CT Moacyr Barbosa – Vasco da Gama

Imagem: Vasco da Gama Reprodução

Standard de Liège

Um dos times mais tradicionais da Bélgica, o Standard de Liège é mais um exemplo de equipes das quais não se pôde sentir diferença com a compra pela 777 Partners.

Em março de 2022, o fundo de Miami adquiriu 99,7% das quotas da instituição por eventuais €55 milhões.

De fato, o clube que é dez vezes campeão belga e oito vezes campeão da Copa da Bélgica não passa por um bom momento há tempos.

A última liga nacional foi conquistada na temporada 2008/09 e a copa doméstica em 2017/18.

De toda forma, desde a chegada dos americanos, a situação em nada mudou.

Atualmente, a equipe ocupa a 10ª colocação num campeonato com 16 equipes.

Mas os fracassos fora de campo continuam sendo uma tônica do trabalho dos americanos.

De acordo com portais, a promessa da 777 Partners em sanar as dívidas do Standard Liège não estão sendo cumpridas e o rombo atinge €24 milhões, mesmo esta tendo sido uma promessa a ser quitada na compra das quotas.

E temos mais casos. Já sob a batuta da 777, o clube belga sofreu um transferban pela federação nacional devido à não apresentação de comprovantes de pagamentos de transferências de alguns jogadores, bem como dívidas com atletas, funcionários e o governo.

Onde a equipe vai parar?

Standard de Liège comunica conclusão do processo de venda para a 777 Partners | NETVASCO

Imagem: 777 Partners

Hertha Berlim

O Hertha Berlim teve 64,7% das ações compradas pelo grupo 777 Partners em março de 2023.

É mais uma tradicional equipe nas mãos dos americanos.

O Hertha Berlim pode ser considerado um time de tradição, mas não é dos mais vencedores da Alemanha, longe disso.

Ademais, vem passando por maus bocados há algum tempo.

Apesar da chegada da 777 Partners, como sempre, com dinheiro e promessas, o torcedor se enche de esperança, que raramente (ou nenhuma vez) é correspondida.

Mesmo sem muito a se fazer àquela altura do campeonato, o Hertha Berlim caiu para a Bundesliga 2 exatamente dois meses após a chegada da 777 Partners, segurando a lanterna da competição.

Quando imaginava-se que as coisas pudessem mudar de figura na temporada 2023/24, nada feito. Apenas a 9ª posição e longe da classificação para voltar à elite do futebol alemão.

777 Partners oficializa a compra de 64.7% do Hertha Berlin - MKT Esportivo

Imagem: Reprodução Hertha Berlim

Melbourne Victory

O segundo maior campeão nacional australiano contou, a partir de outubro de 2022, com aporte inicial de U$50 milhões da 777 Partners.

Os valores totais por 70% ações do clube não foram divulgadas.

Mesmo tendo sido criado em 2004 e, portanto, um clube bastante jovem, o Victory fez grande sucesso na Austrália de meados dos anos 2000 a 2018. Desde então, vive uma seca de títulos.

Inclusive, no primeiro ano de 777 Partners, ficou em penúltimo na classificação, o que ocasionaria um descenso na maioria das ligas ao redor do mundo, mas isso não ocorreu já que não há sistema de rebaixamento e promoção na liga australiana. Sejamos justos e apontaremos que esta não foi a pior classificação da equipe nos últimos anos, que em 2020/21 conseguiu ser o lanterna.

Na atual temporada, o Melbourne Victory está na quarta colocação, nove pontos trás do Wellington Phoenix, líder da competição.

777 Partners anuncia acordo com Melbourne Victory, da Austrália | futebol internacional | ge

Imagem: Melbourne Victory Reprodução

Sevilla

Dono de ações minoritárias deste que é um grande clube espanhol, a 777 Partners esteve em pé de guerra com a cúpula da instituição.

Com porcentagens que podem variar entre 5 e 12%, de acordo com a imprensa espanhola, o fundo americano conseguiu o que queria.

Depois de dez anos na presidência, José Castro, foi substituído por Del Nido Carrasco, filho de Del Nido Benavente, figura importante do clube andaluz.

Apesar da conquista recente de mais uma Europa League, o Sevilla não vive seu melhor momento. Na temporada passada, apenas a 12ª colocação em La Liga.

No atual calendário, a 14ª posição na tabela e um futebol pobre.

Especula-se que o clube viva uma crise interna, tendo como eventual foco o interesse dos americanos em obterem maior controle do clube e poder participar de sua gestão.

Por isso, José Castro foi trocado de Presidente para Vice-Presidente, pelo conselho de administração, como queria a 777 Partners.

Sabemos que a guerra de egos e controles por grupos políticos não é novidade no futebol. Porém, até que ponto investidores que se dizem profissionais podem interferir de tal maneira no dia a dia do clube?

Cabe o questionamento.

La 'quiebra' de José Castro habilita un cambio de control en el Sevilla FC

Imagem: Arquivo EFE

Problemas com a justiça e investigações

Como se não bastasse tudo que já foi discorrido aqui, a 777 Partners ainda enfrenta investigações na jurisdição estadunidense.

De acordo com o portal de notícias, Semafor, uma equipe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos investiga se a 777 infringiu leis de lavagem de dinheiro e outras violações.

E não para por aí. O portal Josimar também trouxe revelações polêmicas dadas por um eventual ex-funcionário da empresa (preferiu não se identificar), que alegou o seguinte:

” Todos os negócios deles dão prejuízo. Esporte, aviação. E quem vai ficar com esse prejuízo? Os parceiros de joint venture. A empresa diz que se financia, mas eles não podem ter tanto dinheiro quanto dizem, simplesmente não é possível. Eles não precisam de muito dinheiro, o que eles fazem é movimentar o dinheiro de um lado para o outro, é sempre o mesmo dinheiro.

Em outros lugares, o envolvimento do 777 seguiu principalmente o mesmo roteiro de três atos. Primeiro ato, esperança. Em segundo lugar, a verificação da realidade. Terceiro, desilusão. A melhor ilustração desse arco é provavelmente o que está acontecendo no Vasco da Gama – em trecho da reportagem.”

É necessário que todos os pontos sejam devidamente apurados para que conclusões sejam tiradas, cabendo à justiça competente imputar qualquer tipo de responsabilidade.

Entretanto, façamos um exercício imaginativo com base nas informações trazidas até agora.

Até o momento, com exceção da Europa League com o Sevilla, nenhum clube sob a gestão da 777 Partners venceu qualquer título ou apresentou uma campanha de destaque, o que poderia gerar um bom retorno em premiação.

Do ponto de vista econômico, é possível verificar um superávit em transações na grande maioria de seus clubes, mas sem resultados expressivos, o que poderia gerar um grande déficit já que o grupo faz aportes multimilionários para a aquisição das quotas, quitação de dívidas e outras questões.

Portanto, quais são as expectativas da 777 Partners no âmbito esportivo? E no que diz respeito à parte econômica?

Fato é que, nestes oitos anos de existência, o grupo americano tem escrito uma história negativa no futebol.

Sabemos que não se pode pregar o imediatismo, e que trabalhos devem ocorrer de forma gradual e com visões de futuro.

Porém não vemos esta perspectiva nos clubes geridos pela 777 Partners. Como se não bastasse, demonstram um grande amadorismo quando o assunto é o futebol e tudo que existe em volta dele.

A impressão é que dois bilionários americanos acordaram um dia com o sonho de investir nesta área. Como para eles o excesso de capital é uma realidade, parece apenas que esta é uma outra fonte de alocação de recursos.

Isto, sem entrar no mérito das investigações, uma vez que, se confirmadas, podem ter um desfecho ainda pior que a incompetência.

Acreditam que os times da 777 Partners poderão dar a volta por cima?

Escrito por Vitor F L Miller.

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Tags: Economia, Exclusivos

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