Na última quinta-feira, 16 de maio de 2024, um dos maiores jornalistas, não só do mundo esportivo, mas da história brasileira, Antero Greco, veio a falecer.
Acompanhe conosco a trajetória de Antero, ou Anterito, para os mais íntimos.
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Breve biografia
Antero Greco, ou apenas, Anterito, nasceu em 2 de junho de 1954, na cidade de São Paulo, mais especificamente, no bairro do Bom Retiro.
Filho de imigrantes italianos, Antero era um apaixonado por esportes e torcedor ferrenho do Palmeiras, fazendo jus às suas origens.
O dom de suas palavras o levaram à melhor universidade da América Latina, a Universidade de São Paulo. Lá, se formou na Escola de Comunicações e Artes, em jornalismo.
Sua trajetória profissional se inicia aos 20 anos. Em 1974, no jornal “O Estado de São Paulo”, começou como revisor e, em poucos anos, ascendeu à repórter de esportes. Sua carreira no jornalismo impresso também incluiu passagens pelo “Popular da Tarde”, “Folha de São Paulo” e “Diário Popular”.
Imagem: Arquivo pessoal Antero Greco
No Estadão, teve diversas passagens. Em 1989, ele deixou temporariamente o jornal para trabalhar na Agência Estado e, em 1992, retornou ao veículo como editor de esportes, cargo que ocupou até o final de 1993.
Greco retornou ao Estadão no final de 2000 e, entre 2006 e 2009, atuou novamente como editor de esportes. Além das funções editoriais, ele foi colunista e criou o blog “Viramundo”, onde escrevia sobre temas variados do futebol e do esporte em geral. Ele permaneceu no Estadão até 2018, deixando uma marca significativa na cobertura esportiva do jornal.
Em 1983, Antero migrou para a televisão, começando na Band, onde comentou as transmissões do Campeonato Italiano.
Seu companheiro de cabine, nas narrações, era ninguém mais, ninguém menos, que Silvio Luiz, um dos maiores narradores do Brasil.
Fazendo os jogos da Série A, em seu auge técnico, a dupla marcou época na programação da Band.
Coincidência, ou não, o grande Silvio Luiz faleceu no mesmo dia de Antero Greco. Coisas da vida.
Imagem: Arquivo pessoal Antero Greco
Sua carreira deu um grande salto em 1994, quando se juntou à ESPN Brasil, onde se destacou como um dos principais comentaristas esportivos, contribuindo para diversos programas como “Linha de Passe”, “É Rapidinho” e “Bate-bola”.
Entretanto, foi ao lado de Paulo Soares, o popular Amigão, que Antero pôde demonstrar à todo Brasil sua inteligência, carisma e conhecimento.
No comando do SportsCenter, já perto da madrugada, os amantes do esporte se reuniam na frente da televisão para se informar sobre a rodada do Brasileirão, Libertadores, o que for, acompanhados de Amigão e Anterito.
O programa trazia (ainda traz) informações de qualidade, guiadas por Amigão e destrinchadas por Antero. Em algumas oportunidades, vinha carregada de humor.
A sinergia entre eles era impressionante. Com frequência quebravam o “protocolo da televisão” e caíam na gargalhada. Nós, telespectadores, íamos no mesmo ritmo.
A parceria durou 20 anos. Durante a pandemia, Amigão esteve ausente em algumas oportunidades.
Em julho de 2022, Antero descobre um tumor cerebral. Ele passou por várias etapas de tratamento, incluindo cirurgias, radioterapia e quimioterapia.
Mesmo com todo o cenário desfavorável, ele mostrou sua coragem e grandeza, se apresentando ao trabalho. Independente da saúde debilitada, Anterito dava seus comentários certeiros, carregados de conhecimento e equilíbrio.
Infelizmente, a batalha do nosso querido Antero chegou ao fim no último dia 16, quando sua morte foi proclamada, em decorrência do tumor cerebral.
Imagem: Luiz Gevaerd
Quem foi e o que simboliza Antero Greco?
É muito difícil falar em unanimidade, principalmente no mundo do futebol.
Quando pegamos os grandes comunicadores deste meio, podemos notar grandes divergências entre os telespectadores e companheiros de profissão.
Mas quando falamos sobre Antero Greco, não há uma voz sequer a se levantar negativamente contra o jornalista.
Isto, tanto sobre seu carisma, quanto quando o assunto é futebol.
A verdade é que Antero foi (e é), bem mais que um comentarista descontraído. Ele tinha um profundo conhecimento sobre o futebol. Seja no tocante à tática, quanto todo o seu universo, a popular boleiragem.
Como se não bastasse, era eloquente em sua fala e equilibrado. Evitava, diferente da maioria de seus colegas de profissão, hipérboles com o intuito de gerar algum engajamento. Era preparado e se abstinha de falar besteiras ou frases que pudessem envelhecer mal.
Tal capacidade se refletiu nas inúmeras homenagens póstumas.
Em uma delas, o jornalista da ESPN, André Kfouri, pôde trazer um pouco do backstage nos corredores da emissora e como Antero se relacionava.
Kfouri é categórico ao dizer que o Antero que conhecemos das telas é o mesmo daquele com quem ele se relacionava diariamente. Uma pessoa que nunca precisou interpretar um personagem em frente às câmeras.
Segundo ele, Antero era uma pessoa dotada de sinceridade. Quando vemos este termo, parece ser algo simples, mas não é. Kfouri diz como Antero Greco levava a sinceridade à sério. Seja num breve sorriso, seja quando perguntava à alguém se estava tudo bem, seja em suas opiniões.
Fato é, que para este que vos escreve, Antero era isso e muito mais. Mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, foi grande inspiração para que os redatores deste site discorressem sobre aquilo que amamos incondicionalmente; o futebol.
Antero era um formador de opinião, sempre muito embasado em suas colocações. Tal postura fez com que, além de ler seus textos, me direcionasse à TV, junto de meus irmãos e meu pai, já tarde da noite, para saber do mundo do esporte.
Por isso, a figura de Antero (e também do Amigão) fica em nossa memória no formato de família. Assim, ele jamais será esquecido, pois, da mesma forma que eu, meu pai e meus irmãos nos reuníamos para assisti-lo, tenho certeza que muitas outras famílias também.
Antero Greco será eterno. Tanto por seu legado quanto pela memória afetiva trazida por sua imagem.
Obrigado, Anterito, por tanta inspiração e pelos belos 69 anos vividos.
Imagem: Divulgação ESPN
Escrito por Vitor F L Miller.