O Bayer Leverkusen, depois de 120 anos de história, conseguiu finalmente se tornar campeão da Bundesliga 2023/24.
Acompanhe conosco não apenas a trajetória insana de Xabi Alonso e seus comandados, mas também tudo que o time passou em sua história para chegar até aqui.
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O Bayer NEVERkusen
Fundado no ano de 1904 na cidade de Leverkusen, no oeste alemão, a instituição encontra raízes operárias.
Assim como tantos outros exemplos do futebol alemão, os trabalhadores da gigante mundial do setor farmacêutico, Bayer, foram os criadores da equipe.
Além do futebol, o Leverkusen também possuía equipes de atletismo, natação e outros esportes, mas foi realização uma cisão entre o departamento futebolístico e demais modalidades, ao fim dos anos 90.
Diferente de seu rival, o Koln, que é tricampeão da Bundesliga e tetracampeão da Copa da Alemanha, eles não tinham um bom desempenho em competições domésticas.
Isto se reflete claramente quando vemos que o primeiro título de expressão do Bayer ocorreu na temporada 1987/88. Foi a Copa da UEFA (atual Europa League).
Contrariando o fluxo natural das coisas, o Leverkusen se tornou campeão internacional sem antes mesmo ter sido campeão nacional.
A primeira e única conquista nacional de elite, até então, havia sido em 1992/93, com o título da Copa da Alemanha.
Entretanto, a modesta equipe sempre costumou ser figurinha carimbada no primeira divisão. Não formaram elencos capazes de bater de frente com Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Werder Bremen e Hamburgo, mas não fazia feio.
A instituição está há 45 anos seguidos na primeira divisão e não pretende sair de lá tão cedo.
Mas assim como no título acima, o que quer dizer a saga do Neverkusen?
Ela começa há tempos. Para se ter uma ideia, quando o assunto é Bundesliga, até o presente momento, o Bayer Leverkusen havia sido vice-campeão em incríveis cinco oportunidades.
Entretanto, a brincadeira sadia feita pelos rivais foi muito usada para se referir à temporada 2000/01.
O Bayer, nas cinco temporadas anteriores, havia sido vice-campeão três vezes.
No final das contas, por um motivo ou outro, a Bundesliga não chegava.
O ano que poderia ter mudado pra sempre a história do clube, foi um verdadeiro pesadelo.
A gestão à época decidiu montar uma verdadeira seleção.
Mesmo com o sucesso estrondoso da vitória da Bundesliga este ano, é difícil acreditar que o Lerkusen tenha tido um time tão bom, pelo menos no papel, como da referida temporada.
A formação titular contava com: Butt, Zivkovic, Nowotny e Lúcio. Placente, Ramelow e Ballack. Zé Roberto e Schneider. Na frente, Neuville e Kirsten.
Ainda, como suplente, havia sempre a figura do jovem Berbatov, que se lançava ao mundo do futebol.
Com uma equipe como essa, a expectativa por títulos era altíssima e eles quase aconteceram.
O Bayer Leverkusen conseguiu ser vice-campeão em absolutamente todas as competições que disputou, em 2001/02.
Na Champions League, conseguiu o desempenho histórico que os colocou na final pela primeira e última vez, até aqui. A sorte não jogou do lado dos alemães e o adversário foi o Real Madrid. Como se não fosse suficiente, este foi o jogo marcante em que Zidane faz um dos gols mais bonitos de todas as finais, acertando um sem pulo no ângulo.
A equipe também vivia a expectativa de se sagrar bicampeã da Copa da Alemanha. No torneio, um desempenho avassalador. Venceu todas as partidas até chegar à final, tendo batido inclusive seu maior rival, o Koln, por 3×1 na semifinal.
Entretanto, sucumbiu ao poder do Schalke 04 na fanalíssima, perdendo a partida por 4×2.
E quem ficou com o título da Bundesliga daquele ano foi o Borussia Dortmund, apenas um ponto na frente do Bayer Leverkusen.
Depois de um ano como esse, seria difícil para o clube se reerguer e para que o torcedor pudesse manter as esperanças vivas de dias melhores.
Porém, como dizem os sábios, não há dia longo o bastante que não chegue à noite.
Imagem: Reprodução Internet
Bayer Leverkusen campeão Bundesliga 2023/24
O fenômemeno do Bayer Leverkusen de Xabi Alonso ia tomando forma jogo após jogo.
À época do texto, escrito há exatamente cinco meses, o Leverkusen já estava na primeira posição da Bundesliga, com 39 pontos, enquanto o Bayern de Munique, grande predador da competição, tinha apenas 35.
O bom futebol e os resultados eram perceptíveis para todos aqueles que acompanhavam os jogos do Leverkusen. Inclusive, isto não era nem necessário, já que a cada rodada que se passava, bastava olhar para a tabela e ver que a equipe do oeste alemão subia na classificação como um foguete.
Entretanto, quando as histórias do passado eram ressuscitadas, o medo de uma nova temporada 2001/02 se instaurava. De um lado tínhamos o estilo inovador e revolucionário de Xabi Alonso, do outro, uma máquina esmagadora de vencer, que dominou o cenário alemão por mais de dez anos consecutivos.
Logo, era de se imaginar que em algum momento, esse fantasma pudesse fazer com que a força de chegada do Bayern de Munique se sobrepusesse ao trabalho do treinador espanhol.
Não foi o que aconteceu. Muito longe disso.
O momento em que restou evidente que nenhum tipo de força sobrenatural futebolística poderia superar o dia a dia do Leverkusen foi a partida de 10 de fevereiro, entre as duas equipes.
O Bayer aplicou um sonoro 3×0 sobre os Bávaros. Não deram chances para um placar diferente. Um verdadeiro massacre.
Hoje, já campeão com cinco rodadas de antecedência, o Leverkusen tem 79 pontos, enquanto o segundo colocado, o Bayern de Munique, tem apenas 63.
Os números não param por ai. A equipe está invicta na competição. Das 29 partidas disputadas, 25 vitórias, 4 empates, 0 derrotas, 74 gols marcados (média de 2,5 gols por partida) e apenas 55 sofridos.
Pelo Campeonato Alemão, os campeões não terão vida fácil se quiserem permanecer com o feito histórico de serem o único invicto.
Os adversários serão o Borussia Dortmund e Sttutgart, fora de casa. São o quinto e terceiro colocados, respectivamente.
De toda forma, ainda que não venha a ser uma conquista sem nenhuma derrota, os Deuses do futebol não poderiam ter escrito uma história mais bela que essa.
A forma como a vantagem foi construída a cada minuto da partida pela equipe do Leverkusen é algo muito tocante.
A derrota, que ainda não ocorreu, tem diversos motivos para tanto. Além das partes técnicas e táticas impecáveis, os jogadores decidiram que nenhum ponto seria entregue de graça.
Na campanha, vimos resultados impressionantes, em jogos nos quais o time simplesmente se recusou a ser derrotado, conquistando viradas e empates nos últimos lances dos jogos.
Tudo isto, coroado com atuações magistrais, como a do último domingo, enfrentando o Werder Bremen e aplicando um sonoro 5×0.
A partida, em si, teve todos os componentes necessários para um campeonato de lavar a alma do torcedor.
Golaço de Xhaka e hat-trick de Wirtz.
Como em filmes, o quinto e último gol, que selava o terceiro de Wirtz na partida, ocorreu no minuto 90. Depois que a bola toca a rede não havia mais clima para a partida. Os torcedores, que já haviam acendido seus artigos pirotécnicos, invadiram o campo e comemoraram.
Faltará cerveja na Alemanha para satisfazer a sede dos aficionados pelo Bayer Leverkusen.
E para quem pensa que eles pararão por aí…
Imagem: Reuters
A sequência de temporada para o Bayer Leverkusen
Se quisermos, podermos unir futebol com diversos aspectos, como a filosofia, a astrologia e qualquer intepretação que couber ao leitor para tentar explicar o que envolve esse esporte.
A saga do Neverkusen narrada aqui, vem tendo um enredo muito semelhante, mas com um desfecho já diferente.
Como dito, foram três vice-campeonatos na temporada 2001/02. Agora, em 2023/24, a equipe do oeste alemão vê a chance de reescrever esta história de uma maneira absolutamente maravilhosa.
Copa da Alemanha (DFB-Pokal)
Uma sequência de jogos simplesmente espetaculares. Se diante de clubes complicados, o Leverkusen ainda consegue imprimir seu ritmo, contra times de menor expressão e de nível técnico bastante inferior, eles são uma máquina de fazer goleadas.
Abriu a competição aplicando nada mais nada menos que 8×0 sobre o Teutonia Ottensen.
Nos jogos seguintes, também desfilou em campo, enfrentando maior dificuldade apenas contra o Sttutgart, pelas quartas de final, que de fato faz uma temporada primorosa, depois de tantos anos em baixa.
Enquanto seus maiores competidores como Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Leipzig iam ficando pelo caminho contra equipes pequenas da Alemanha, o Leverkusen seguiu com força máxima para a final.
O desafiante será o Kaiserslautern. Sim, é uma tradicional equipe, com 123 anos de história, quatro Bundesliga e duas Pokal, mas que no momento vive uma baixa sem precedentes.
Fez uma campanha belíssima, eliminando o Saarbrücken, da terceira divisão, na semifinal.
Curiosamente, o Saarbrücken vivia uma história mais impressionante que Bayer Leverkusen e Kaiserslautern. Estão atualmente na terceira divisão e não possuem qualquer tradição no cenário do futebol masculino do país. Mesmo assim foram capazes de uma caminhada muito interessante, tendo mandado o Bayern de Munique para casa.
A final datada para o dia 25/05/2024, em jogo único, será a oportunidade de faturar o bicampeonato da Pokal.
O Kaiserslautern está atualmente na penúltima colocação da Bundesliga 2, com possibilidades reais de um novo descenso para a terceira divisão.
Uma derrota do Leverkusen seria algo muito inesperado.
Imagem: AFP
Europa League
Se a campanha na Bundesliga e Pokal foram e continuam sensacionais, a da Europa League é inexplicável.
Quando mencionamos anteriormente que a equipe simplesmente se recusa a perder as partidas, isso ocorre com alguma frequência na Europa League.
Na fase de grupos, foram a única equipe a deter os 100% de aproveitamento.
Nas oitavas de final, pegou um velho conhecido, o Qarabag. Essa equipe pouco renomada no cenário mundial, mas gigante dentro Azerbaijão ofereceu grande resistência, tanto na fase de grupos quanto no mata-mata.
A primeira partida, ficou em 2×2. O jogo de volta, na BayArena, foi uma completa loucura.
O Leverkusen estava sendo eliminado até os acréscimos, mas contrariou, mais uma vez, as expectativas e fez dois gols nos adicionais e saiu com a classificação.
Deram também um passo importante, vencendo o primeiro jogo das quartas de finais, contra o West Ham, por 2×0.
O caminho poderá ser duro, com possibilidade de enfrentar grandes equipes, como o próprio West Ham, Atalanta, Liverpool, Milan, Roma, Olympique Marseille e Benfica.
Imagem: Reprodução Bein Sports
Xabi Alonso fica e projeta o futuro
Já rasgamos elogios ao espanhol e não podemos deixar de fazê-los novamente.
Numa temporada em que o Bayer Leverkusen é claramente a equipe sensação, muitas portas se abrem para um técnico jovem, revolucionário e vencedor, principalmente quando grandes treinadores de imensas equipes deixarão seus cargos.
Desde o início do ano é sabido que Jurgen Klopp deixará o Liverpool após sete temporadas à frente dos Reds.
Outro que não ficará para a temporada seguinte é Xavi, que não dará continuidade ao trabalho no Barcelona.
Com isso, a imprensa internacional ventilou rapidamente o nome de Xabi Alnso nesses clubes.
O treinador veio à público, prontamente, para dizer que permanecerá no Bayer Leverkusen.
Isto é imprescindível por dois motivos principais. O primeiro é a continuidade da atual temporada. Seus comandados tem chance de eternizarem seus nomes na Bundesliga com a possível conquista invicta, bem como as duas outras competições nas quais eles estão muito vivos para ganhar.
Imaginem se a temporada acaba em Tríplice Coroa? Nem o torcedor mais otimista poderia prever algo assim.
O segundo aspecto é a possibilidade de construção de um legado. Xabi Alonso ainda é extremamente jovem e possui em suas mãos um grupo de jogadores talentosíssimos. Ele já mudou os rumos do Bayer Leverkusen como instituição, mas sente que pode fazer mais.
Sente que pode realmente elevar o status do clube não só na Alemanha como na Europa.
Ademais, ano que vem a vaga para a Champions League está garantida, por óbvio. Até onde ele pode chegar?
E precipuamente, quando cairá esta invencibilidade? Até o momento, são 43 jogos sem derrota.
Parabéns ao Bayer 04 Leverkusen, campeão da Bundesliga 2023/24.
Imagem: INA FASSBENDER / AFP
Escrito por Vitor F L Miller.