Diego Souza, um dos grandes personagens do futebol brasileiro no século XXI, anunciou sua aposentadoria aos 38 anos: “Obrigado, futebol! Por ter mudado a minha vida, da minha família e por ter me proporcionado momentos únicos de alegria”.
Durante 20 anos, teve uma carreira notável, com muitos gols e títulos, foi protagonista por diversos times brasileiros, marcando seu nome na história.
Diego Souza defendeu 13 clubes, sendo 10 deles brasileiros, além de servir a seleção nacional em 7 jogos, marcando 2 gols.
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Index
Início de carreira no Rio de Janeiro
Nascido na cidade maravilhosa, Diego Souza deu seus primeiros passos no futebol pelo Fluminense. Inicialmente era volante, mas ao decorrer da carreira foi avançando de posição, terminando como centroavante.
Teve sua primeira aparição pelo Tricolor das Laranjeiras em 2003, começou a se destacar em 2004, sendo convocado para a Seleção Brasileira Sub-20 e em 2005 fez parte do elenco que foi campeão do Campeonato Carioca e vice da Copa do Brasil.
Foto: Daryan Dornelles
Depois do bom desempenho foi contratado pelo Benfica em 2005, mas não jogou um jogo sequer pelo clube português. Na primeira temporada foi emprestado para o Flamengo, onde fez 38 jogos e 7 gols.
Diego Souza fez parte do grupo campeão da Copa do Brasil de 2006, contudo não pode jogar a final, pois, por conta da Copa do Mundo de 2006, a final da Copa do Brasil teve de ser realizada nas últimas semanas de julho. Assim, o contrato de Diego Souza com o Flamengo terminava em junho. O clube chegou a tentar prorrogar o compromisso por mais um mês, mas não foi possível. Até hoje ele sente uma certa frustração.
– Joguei até a semifinal, mas não deu para estar em campo na final por causa do contrato. Mas apesar disso eu me considero campeão, sim – afirmou.
Foto: Lance
Primeira passagem de Diego Souza pelo Grêmio
Em dezembro de 2006, o Benfica voltou a emprestá-lo para um clube brasileiro, dessa vez para o Grêmio, equipe em que teve mais jogos e mais gols na carreira.
Depois de começar a carreira no Fluminense como volante, Diego Souza experimentava momentos de glória nos setores mais ofensivos da esquadra gremista, exercendo papel de destaque no meio de campo gremista ao lado de Tcheco, e ganhando grande projeção na carreira. Conquistou o Campeonato Gaúcho e foi vital para o vice-campeonato da Libertadores de 2007.
Na final da Libertadores diante do Boca Juniors, Diego pouco pode fazer e o Grêmio perdeu por 5×0 no agregado, contudo na semifinal foi fundamental para a classificação diante do Santos. No jogo de ida, sofreu o pênalti convertido por Tcheco na partida que terminou em 2×0, já no jogo de volta abriu o placar na derrota por 3×1, fazendo o gol salvador fora de casa que garantiu o Grêmio na final.
Foto: EVARISTO SA/AFP via Getty Images/One Football
Melhor jogador do Brasileirão pelo Palmeiras
Pretendido por Grêmio e São Paulo, por conta da ótima passagem pelo tricolor gaúcho, Diego Souza foi contratado pelo Palmeiras com auxílio da empresa de marketing esportivo Traffic em 2008. Nos primeiros meses conquistou o Campeonato Paulista diante da Ponte Preta.
No Brasileirão de 2008, o Palmeiras terminou na quarta colocação e Diego Souza fez parte da seleção do campeonato.
No ano seguinte, no Campeonato Paulista, Diego Souza protagonizou um lance inesquecível para o futebol Brasileiro. Nas semifinais, contra o Santos, Domingos entrou em campo somente para marcar Diego Souza: “O Diego Souza estava jogando muito nesse jogo, estava fazendo a diferença. O [Vagner] Mancini falou: ‘Domingos, o único cara para marcar o Diego Souza é você. Mas você não vai entrar de zagueiro. Você vai marcar o Diego Souza’”, relembrou o ex-defensor santista em entrevista a um podcast do Globo Esporte.
Logo em seus primeiros segundos dentro de campo, o zagueiro seguiu à risca o que lhe foi ordenado e colou com Diego Souza, que estava na lateral do gramado recebendo instruções do técnico Vanderlei Luxemburgo. Os dois passaram a discutir e o árbitro expulsou ambos. Logo após receber o vermelho, Domingos se aproxima do palmeirense e simula ter sido agredido, rolando no chão e expressando sentir dor.
Neste momento Diego Souza perde o controle e parte para cima do zagueiro, sendo contido de forma brusca por seus companheiros de equipe. Praticamente imobilizado, ele é levado até o túnel que dá acesso ao vestiário.
Quando a situação parece estar contida, Diego Souza pula a placa de publicidade, volta para dentro do gramado e se aproxima de Domingos, que levanta as mãos para o alto como sinal de que não deseja mais confusão. Neste momento, Diego Souza dá uma rasteira e, aí sim, decide abandonar o campo, se dando por satisfeito de ‘realmente’ ter tido um motivo para ter sido expulso.
A partida terminou 2×1 e o Peixe se classificou para a final do Campeonato Paulista.
Em 2009, o Palmeiras se manteve na liderança do Brasileirão da 15ª até a 33ª rodada, mas terminou o campeonato apenas na 5ª colocação, perdendo a vaga para a Libertadores. Mesmo com a derrocada Palmeirense, Diego Souza conquistou o prêmio de melhor jogador do Campeonato Brasileiro.
No mesmo ano, marcou um gol antológico diante do Atlético-MG. O goleiro dividiu com Vágner Love e a bola sobrou para Diego Souza no meio campo, que bateu de primeira e de voleio, fazendo um gol inesquecível.
Em 2009, por conta das boas atuações, Diego Souza foi convocado pela primeira vez para a Seleção principal, para a disputa das eliminatórias.
Diego Souza teve uma saída melancólica do Verdão. Teve um atrito com a torcida após ser substituído contra o Atlético-GO e foi afastado em maio de 2010. Ele fez 142 jogos e marcou 38 gols pelo Palmeiras.
Foto: Alexandro Auler/STR / Getty Images
Dois meses depois foi contratado pelo Atlético-MG, mas não rendeu como o esperado, ficou apenas 8 meses no clube e marcou 5 gols em 34 jogos.
Ídolo no Vasco
Contratado pelo Vasco em março de 2011, Diego Souza vestiu a camisa 10 e caiu nas graças do torcedor. Estreou diante do Botafogo no Campeonato Carioca e marcou um dos gols na vitória por 2×0.
Poucos meses depois, conquistou a Copa do Brasil, sua segunda no currículo. Foi peça fundamental durante toda campanha, contudo foi na semifinal, contra o Avaí, que Diego foi mais impactante. Fez o gol do Vasco na ida em São Januário e no jogo de volta, na Ressacada, fez gol e teve uma atuação de gala, uma das melhores em toda sua carreira.
No Campeonato Brasileiro de 2011, o Cruz-Maltino também fez grande campanha, com Diego Souza como um dos principais destaques, marcando 11 gols e 5 assistência, além de fazer parte da seleção do campeonato. Se manteve na liderança por algumas rodadas, contudo terminou o Brasileirão na 2ª colocação, apenas 2 pontos atrás do campeão Corinthians.
Nas quartas de final da Libertadores de 2012, Diego Souza protagonizou a emblemática defesa de Cássio, um marco para a conquista da única Libertadores do Corinthians.
Depois de uma cobrança de falta para o Corinthians, a defesa Vascaína afastou, Alessandro tentou o lançamento e Diego Souza conseguiu travar. Ele correu mais de meio campo sem marcação e quando ficou cara a cara com o goleiro, Cássio fez uma das defesas mais marcantes do futebol brasileiro.
Para Cássio, a intervenção no chute de Diego foi a mais importante da sua carreira, não só pelo grau de dificuldade, mas tudo o que representou para a Fiel.
Foto: Ari Ferreira/Lancepress!
Diego terminou sua passagem pelo Vasco sendo reconhecido como um ídolo. Fez 87 jogos e marcou 30 gols pelo Cruz-Maltino.
Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco da Gama
Foi vendido para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita em 2012, porém, apenas três meses após sua chegada, o atleta rescindiu o contrato com os árabes por falta de pagamentos de salários.
Livre no mercado, Diego fechou com o Cruzeiro e chegava como a grande contratação para a temporada de 2013. Apesar de fazer parte do elenco campeão do Brasileirão, não teve grande destaque pela Raposa e foi vendido para o Metalist em julho, em negociação envolvendo o atacante Willian.
Lenda no Sport
O Sport fechou a contratação de Diego Souza com o Metalist por empréstimo em agosto de 2014. Ele usou a camisa número 87, em alusão ao ano de 1987, uma referência clara do Rubro-Negro pernambucano ressaltar o fato de ser o único campeão brasileiro do ano em questão, algo que foi garantido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), após longa disputa com o Flamengo.
Na partida entre Flamengo e Sport na 2ª rodada do Brasileirão de 2015, Diego Souza marcou o primeiro gol do Sport, de pênalti aos 46 minutos do primeiro tempo, e ao comemorar apontou para camisa 87, provocando a torcida do Flamengo, dizendo que o campeão de 1987 foi o Sport. “87 é nosso”, disse Diego Souza no intervalo da partida.
Na mesma partida, o goleiro Magrão se machucou e o Sport já tinha feito as três substituições, então Diego Souza foi pro gol. O Sport estava ganhando por 2×1, mas não conseguiu segurar a vitória e acabou cedendo o empate para o Flamengo.
Anos depois Diego Souza revelou: “Nunca tremi para jogar, mas quando botei a luva…”
Foto: Ide Gomes / Agência Estado
Nesse mesmo ano, Diego Souza liderou sua equipe e o Sport conseguiu sua melhor colocação na história do Brasileirão por pontos corridos. O Time comandado por Eduardo Baptista e posteriormente Paulo Roberto Falcão ficou na 6ª posição, com 59 pontos.
Em dezembro do mesmo ano, Diego retornou ao seu clube de formação, o Fluminense. Assinou um contrato de 3 anos, mas teve uma passagem extremamente curta pelo Tricolor, com 9 jogos e 4 gols. Apesar de um bom início, inclusive fazendo um hat-trick e uma assistência na vitória por 4×3 diante do Cruzeiro no Mineirão na Primeira Liga, o técnico Eduardo Baptista, que havia pedido a contratação de Diego, foi demitido depois das derrotas para Flamengo e Botafogo. Dessa forma, Diego Souza acertou seu retorno ao Sport.
Em 2016, o Sport teve uma campanha discreta no Brasileirão, escapou do rebaixamento na última rodada, quando venceu o Figueirense por 2×0 na Ilha do Retiro e Diego Souza deixou seu gol. Ele foi, pelo segundo ano consecutivo, o melhor jogador do Sport e, atuando como meia, conseguiu a façanha de ser o artilheiro do Brasileirão 2016, com 14 gols ao lado de Fred e William Pottker.
Diego Souza iniciou seu processo para se tornar centroavante por conta da Seleção Brasileira. Em 25 de janeiro de 2017, Brasil e Colômbia fizeram o chamado ‘Jogo da Amizade’, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro para celebrar a vida e a solidariedade do povo colombiano na tragédia do voo da Chapecoense, no ano anterior.
Diego começou o jogo como titular no ataque: “Ali eu jogava no ataque já. Mas jogava atrás de um centroavante ou pelos lados. Não tinha virado centroavante ainda”. Tite, técnico da Seleção Brasileira na época, deu uma entrevista logo depois da lesão do Gabriel Jesus [que havia torcido o tornozelo] e falou que para a função de centroavante tinha o Firmino e Diego Souza como opções.
Muito feliz e esperançoso, Diego Souza falou: “Pensei comigo e decidi que ia me preparar. Se o Tite falou aquilo, iria me convocar. Aí eu passei a treinar no Sport para evoluir em coisas que o atacante precisa”
Em maio de 2017, Diego foi convocado por Tite para os amistosos contra Argentina e Austrália. Substituindo Gabriel Jesus, que havia sido cortado por levar uma cotovelada de Otamendi no jogo contra a Argentina, Diego Souza, como centroavante, foi titular durante toda a partida e marcou 2 gols, seus únicos com a Amarelinha.
Foto: Pedro Martins/ MoWa Press
A sequência na Seleção Brasileira não veio, mas a transformação manteve Diego Souza como jogador valorizado no mercado e o menino que começou sua carreira como volante, viveu o fim dela como um centroavante de alto nível e rendimento.
Apesar da conquista do Campeonato Pernambucano diante do Salgueiro, o Sport conseguiu se livrar do rebaixamento no Brasileirão, novamente, apenas na última rodada.
Durante o Campeonato Brasileiro, o Sport chegou a ocupar a quinta colocação, mas caiu drasticamente de rendimento, assim do dia 12 de outubro até o dia 19 de novembro, o Leão entrou em campo dez vezes e não conseguiu uma vitória sequer. Foram três empates e cinco derrotas pelo Brasileirão e um empate e uma derrota pela Copa Sul-americana. O jejum acabou ocasionando a demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo e a volta de Daniel Paulista, dessa forma, somente na vitória contra o Corinthians na última rodada, que o torcedor do Sport pôde respirar aliviado.
Diego Souza terminou o ano com 21 gols e 5 assistências e dividiu o protagonismo com André, que fez 27 gols na temporada.
Com uma proposta feita pelo Palmeiras em julho, o camisa 87 pediu para ser transferido, mas a diretoria do Sport jogou duro e não aceitou a pedida dos paulistas. O jogador, que estava prestes a fazer o sétimo jogo no Brasileirão e com isso não poderia mais se transferir, acabou faltando um treinamento e sendo retirado do jogo seguinte. No final das contas, Diego não foi para o Palmeiras e ficou na Ilha do Retiro, mas nitidamente chateado com a postura da diretoria.
Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Eleven/Lancepress!
Passagem de altos e baixos no São Paulo
No início de 2018, Diego Souza foi contratado por 10 milhões de reais pelo São Paulo e assinou contrato até o fim de 2019, com possibilidade de prorrogação por mais uma temporada. Recebeu a camisa 9 e desde então sempre passou a atuar como centroavante.
Durante o Campeonato Paulista, marcou gol em sua estreia como titular, na vitória por 2×0 contra o Mirassol. Após nove jogos sem marcar, ficando inclusive no banco de reservas em algumas partidas, fez o gol que classificou o São Paulo para a semifinal do Campeonato Paulista, na vitória por 2 a 0 sobre o São Caetano.
No jogo de volta da semifinal, contra o Corinthians, entrou no jogo, abriu as cobranças para o São Paulo, mas desperdiçou seu pênalti e o Tricolor ficou pelo caminho. No jogo seguinte, diante do Rosário Central pela Sudamericana, não foi sequer relacionado por Diego Aguirre.
Pouco tempo depois, com a eliminação na Copa do Brasil para o Athletico-PR, Diego Souza ficou em vias de deixar o São Paulo para retornar ao Vasco. O Tricolor, porém, quis dar mais uma chance ao atleta e não entrou em acordo com o Cruz-Maltino. Uma conversa com o diretor-executivo de futebol Raí e Diego Aguirre o ajudou a reagir no clube.
Diego Souza rapidamente subiu de produção. Em sua volta desandou a marcar gols e ajudou a levar o Tricolor à liderança do Campeonato Brasileiro, em um primeiro turno espetacular, com doze vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, quase 72% de aproveitamento. Contudo, o Tricolor ficou apenas com título simbólico título do primeiro turno, pois terminou a competição apenas na 5ª colocação e viu o rival Palmeiras se sagrar campeão.
A boa campanha no primeiro turno foi norteada pelo trio formado por Nenê, Everton e Diego Souza. O centroavante foi o artilheiro do São Paulo no campeonato, com 12 gols, além de chegar a expressiva marca de 100 gols no Brasileirão por pontos corridos.
A perda do título brasileiro para o rival Palmeiras, contudo, voltou a colocar Diego Souza sob pressão. Para piorar, o atleta começou mal a temporada 2019, sobretudo pelas atuações discretas nos duelos decisivos com o Talleres-ARG na Copa Libertadores. Com a forma física questionada por parte da torcida, ele marcou apenas um gol em dez jogos disputados.
Aos 33 anos, Diego Souza não estava nos planos do técnico Cuca. A avaliação foi de que o atacante não se encaixava no time que o treinador queria montar, além disso, o Tricolor precisava aliviar sua folha salarial para buscar reforços pontuais.
Diego Souza deixou o São Paulo em março de 2019 com 59 jogos e 17 gols, partindo rumo ao Botafogo, por empréstimo.
Foto: Thiago Ribeiro/AGIF /Lancepress!
No Glorioso, foi recebido com festa e casa cheia em General Severiano, em um sábado de sol e calor no Rio de Janeiro, e recebeu a histórica camisa 7 do ídolo Mané Garrincha. A estreia contra o Fluminense, pelo Campeonato Carioca, foi promissora, foi participativo, deu assistência e aguentou os 90 minutos, no empate em 1 a 1, no Maracanã.