O futebol brasileiro sempre foi muito marcado por seu imediatismo. Nesta temporada temos diversos exemplos disto. Entretanto, o Botafogo de Luis Castro não é um exemplo deste imediatismo. Aqui, mostraremos a trajetória do clube carioca até aqui no Campeonato Brasileiro de 2023.
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A história do Botafogo de Futebol e Regatas
O Botafogo é um dos times mais populares do Brasil. Durante os anos 50 e 60 rivaliza com Santos e Palmeiras o título de melhor clube brasileiro e, porque não, do mundo.
Repleto de craques como Nilton Santos e o Anjo das Pernas Tortas, Garrincha, o Botafogo foi tricampeão do Torneio Rio-São Paulo, pentacampeão Carioca, além do inesquecível Campeonato Brasileiro de 1968.
O Botafogo voltou a ser campeão brasileiro no ano de 1995, com o ídolo Túlio Maravilha como artilheiro e melhor jogador.
Neste interim, o Fogão chegou a ser campeão Carioca em algumas oportunidades, mas a realidade é que aquela equipe que encantou o mundo nos anos 1950 e 60 acabou por não apresentar o mesmo ritmo nos anos subsequentes.
O ano de 1995 realmente foi um oásis em meio a uma seca de títulos, dado que a seca perdura até hoje.
Com exceção de campeonatos estaduais, o Botafogo não chegou à nenhum título nacional de primeira prateleira, tampouco a tão sonhada conquista de um campeonato internacional de prestígio.
O ano de 2013 foi mais próspero dos últimos tempos para o Botafogo. Com a chegada de Clarence Seedorf, o Fogão conseguiu chegar na quarta posição daquele Brasileirão, tendo liderado o campeonato por algumas rodadas.
Contudo, já no ano seguinte, a equipe não havia se preparado para a despedida de seu craque, e foi rebaixado em 2014, o que já havia acontecido em 2002 e ocorreu pela terceira vez em 2020.
O advento da SAF no Botafogo
Em 2022, seguindo movimento do futebol mundial, o Botafogo se tornou SAF. O comprador da maior partes das ações do clube foi o estadunidense John Textor.
Textor, apesar de norte americano, é bastante conhecido por seus investimentos no mundo do futebol. O empresário, antes mesmo do Botafogo, já era acionista de grandes clubes como o Olympique Lyonnais e o Crystal Palace.
A torcida do Botafogo se encheu de esperança com a chegada do novo mandatário, imaginando que ele traria prosperidade instantânea ao clube por meio da injeção de altos valores na contratação de talentos.
As coisas, em 2022, não foram como o torcedor do Botafogo esperava. O time não encantou e ficou apenas em 11o lugar no Brasileirão, além de não ter conquistado o Campeonato Carioca e ter caído precocemente na Copa do Brasil.
Mas Textor tinha um plano.
(Foto: Arquivo LANCE!)
Luis Castro e o 2023 do Fogão
Luis Castro e o elenco do Botafogo começaram o ano pressionados.
Era inegável que o clube havia trazido reforços de peso (ainda que, até o momento, não fossem tão pesados quanto o torcedor do Botafogo sonhava).
Chegaram Tiquinho Soares, Eduardo, Marçal, Junior Santos, Adryelson, Victor Cuesta e outros. Com este time nas mãos, Luis Castro ficou em 11o no Campeonato Brasileiro, sem grandes atuações.
O treinador, extremamente respeitado, não só por sua capacidade e entendimento de futebol, mas também por sua integridade moral, foi a primeira e única escolha do comando técnico da gestão Textor.
O estadunidense até teve motivos para não dar continuidade à Luis Castro, tendo em vista a campanha regular no Brasileiro de 2022, combinada ao início de temporada que não parecia muito promissor.
O Botafogo ficou de fora da fase eliminatória do Campeonato Carioca, que teve o Fluminense como campeão.
Parte da torcida e comentaristas diziam não acreditar no trabalho do português, afirmando que seu ciclo deveria ser encerrado.
Textor e Luis não concordaram com tais alegações.
No momento em que este texto está sendo produzido, após 12 rodadas, o Botafogo ocupa a primeira posição do Campeonato Brasileiro de 2023, o que não ocorria desde 2013.
Não apenas isso, esta é a terceira melhor campanha até a 12a rodada da história dos pontos corridos, ficando apenas atrás do Corinthians de 2017 e do Atlético Mineiro de 2012.
A equipe do Botafogo de Luis Castro pode ser definida como consistente. Com um estilo de jogo muito bem definido, o Botafogo busca dar poucas oportunidades ao adversário e aproveitar as chances que tem. Com um corredor muito rápido, utilizando a velocidade de Victor Sá e Júnior Santos, o time consegue um ótimo equilíbrio com jogadores mais técnicos como Gabriel Pires, Eduardo e Tchê Tchê.
Lá atrás, a defesa entrega a estabilidade necessária. Victor Cuesta e Adryelson formam ótima dupla. Phillipe Sampaio, quando entra, cobre muito bem o papel de titular. Além de laterais capazes de atacar e realizar uma recomposição rápida e eficaz.
Além disto, conta com o jogador de altíssimo nível nacional e internacional, Tiquinho Suares, que vive uma fase iluminada. O atacante já soma 21 gols até aqui e tende a anotar mais.
Contudo, muita calma é necessária. Até o momento, tudo que há são indícios de um bom futebol apresentado, sem que nenhuma conquista tenha sido atingida. Apesar disto, o torcedor do Botafogo, de maneira justa, está contente com o desempenho de seu time, principalmente depois de tantas temporadas sofridas.
(Foto: Vitor Silva/Botafogo)
Luis Castro e a proposta do Al-Nassr
Uma notícia caiu como uma bomba no futebol brasileiro nos últimos dias. A campanha de sucesso do Botafogo atraiu a atenção do mercado internacional. Como era de se esperar, os novos grandes investidores do esporte, o Al-Nassr, da Árabia Saudita, teria feito uma proposta milionária para contar com o técnico português.
Tal desejo tem assinatura de um outro lusitano. Cristiano Ronaldo teria pedido pessoalmente a chegada de Luis Castro.
As negociações estão avançadas. Os valores envolvidos são exorbitantes e estima-se que o técnico receberia valor quatro vezes superior ao seu vencimento atual.
Não há definição de sua ida e Luis Castro costuma cumprir seu contrato, mas até mesmo John Textor admitiu a chance de saída do comandante.
(Foto: Vítor Silva/Botafogo | Al-Nassr/Facebook)
O legado independente de Luis Castro
Como dito anteriormente, o Botafogo sob o comando do técnico português ainda não possui nenhuma conquista efetiva. Entretanto, ele e a gestão do Botafogo já servem de exemplo para o futebol brasileiro.
Apenas no Campeonato Brasileiro deste ano (12a rodada), 10 técnicos foram demitidos até o momento, sendo que este número ainda deve crescer bastante até o final da competição.
Isto aponta uma evidente falta de continuidade no trabalho dos treinadores, que combinado ao calendário extremamente apertado, são capazes de treinar seus times em poucas oportunidades.
Consequentemente, os resultados não aparecem logo de início, fazendo com que os treinadores sejam descartados rapidamente.
Luis Castro e a gestão do Botafogo deram exemplo mostrando que, muitas vezes, para que um trabalho possa mostrar seu melhor lado, carece de tempo.
Tempo para que os atletas entendam o estilo de jogo e filosofia dos treinadores e comissão técnica, além de serem capazes de imprimirem o que aprendem dentro de campo.
Ficando ou saindo no Brasil, Luis Castro deixa esta marca positiva no futebol nacional.
Em sua opinião, ele deve continuar e tentar o título brasileiro pelo Botafogo, ou o sonho de treinar Cristiano Ronaldo deve falar mais alto?
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Escrito por Vitor F L Miller.