O Grupo City de Futebol anunciou a parceria com mais um clube, o Istanbul Başakşehir, da Turquia.
Acompanhe conosco o desenvolvimento do trabalho deste conglomerado do Abu Dhabi United Group, cujo acionista majoritário é o sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan.
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Index
Origem do Grupo City de Futebol
O Grupo City de Futebol foi fundado em 2008 sob o guarda chuva do Abu Dhabi United Group, fundo de investimento internacional liderado pela figura do Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan e Sulaiman Al-Fahim.
Como carrega o próprio nome, o conglomerado de empresas foi criado com o objetivo de deter o controle sobre o Manchester City Football Club.
A partir do sucesso evidente obtido com os investimentos feitos na equipe azul de Manchester, a holding optou por expandir seus negócios ao redor do mundo.
Hoje, o Grupo City detém participação acionária/parceria relevante em treze clubes ao redor do globo.
Imagem: Reprodução Alambrado
Manchester City
Carro chefe e passo inicial da instituição, o Manchester City é um daqueles exemplos em que uma gestão profissional aliada à injeção maciça de capital pode gerar resultados muito importantes.
O Abu Dhabi United Group, por meio do Grupo City, possui 100% das quotas do clube e conseguiu levar uma instituição modesta e incomparável com o lado vermelho de Manchester a um dos, se não, o time mais competitivo da atualidade.
Desde sua aquisição, alguns pontos negativos e outros, em sua maioria, positivos.
Claro, quando se adentra um novo mercado e, complexo como o futebol, algumas tomadas de decisão podem não ser consideradas as melhores.
De todo modo, não demorou muito para que os resultados começassem a aparecer.
Os Cityzens eram um time que tiveram um breve sucesso em meados dos anos 60, conquistando algumas Premier Leagues e Copas da Inglaterra (apesar de também ter sido rebaixado neste período). Depois disto, não teve mais conquistas relevantes e ficou à mercê de idas e vindas de divisões inferiores.
Com a entrada do investimento árabe, tudo mudou de figura. Antes de sua chegada, o Manchester City tinha apenas dois Campeonatos Ingleses, conquistados em 1936–37 e 1967–68. Agora, a equipe se orgulha de seus nove títulos. Para se ter ideia, sete Premier Leagues foram conquistadas desde o investimento inicial.
Principalmente no período Pep Guardiola, o sucesso foi tremendo. Cinco conquistas em seis possíveis.
O auge foi na temporada anterior, quando a tão sonhada Champions League foi erguida. Sonho de consumo de muitas equipes, a orelhuda agora é uma realidade para os Cityzens, que vão por muito mais.
Estão consolidados como um grande clube europeu, mesmo com a eventual saída de Guardiola, em algum momento.
Imagem: Reprodução Manchester City FC
Esporte Clube Bahia
Quando se trata de grandes mercados como a Premier League o Brasileirão, o Abu Dhabi United Group optou por seguir um mesmo modelo.
Assim como o Manchester City, o Bahia é um clube com uma história recheada, mas que nos últimos anos sofria com rebaixamentos e poucos times competitivos.
A equipe de Salvador é bicampeã do Campeonato Brasileiro (1959 e 1988). Além dos inúmeros títulos estaduais, possui uma das torcidas mais apaixonadas do país.
Como se não bastasse, tem como casa a Arena Fonte Nova, um estádio moderno e com capacidade para quase 50 mil espectadores.
Deste modo, em maio de 2023, foi consolidada a venda da SAF do Bahia para o Grupo City.
Logo, o fundo buscou sanar as contas da instituição, portanto liquidou 79% dos débitos em aberto. Em números, o Bahia possuía uma dívida de R$ 300,9 milhões. Em valores corrigidos, foram pagos pelo Grupo City R$ 256,3 milhões.
Isto é apenas parte do contrato estabelecido pelas partes, já que o modelo aprovado pelos sócios do Tricolor de Aço consiste no montante mínimo de R$ 1 bilhão de reais a serem investidos em 15 anos, dos quais estão divididos em R$ 500 milhões para contratação de atletas, R$ 300 milhões para saneamento das contas e o restante para infraestrutura.
Tudo isto começou em 2023, quando o Bahia não fez uma boa temporada. Se salvou do rebaixamento na última rodada, apesar de ter sido uma das equipes que mais gastou em contratações.
De qualquer modo, a perspectiva para 2024 deve ser mais positiva, uma vez que a base do ano anterior foi mantida, sob o comando de Rogério Ceni e a chegada de jogadores importantes, como Jean Lucas e Caio Alexandre.
Imagem: Reprodução Esporte Clube Bahia
Girona Futbol Club
Poucos amantes do futebol conheciam o Girona até a atual temporada.
Um clube modesto localizado no nordeste da Espanha, mais especificamente na região da Catalunha, o Girona Futbol Club foi fundado em 1930.
Apesar dos quase cem anos de história, tem apenas duas La Liga B em seu currículo, ou seja, uma instituição de pouca tradição no cenário nacional espanhol.
Talvez estes dias tenham acabado.
Com um projeto arrojado, baseado em jogadores jovens, o Grupo City assumiu em 2017 e o sucesso foi gradativo. Nesta empreitada, os investidores possuem 47% de participação.
Claro que o uso de jogadores jovens tem um propósito, que é sua venda futura para que os investidores obtenham o lucro desejado.
De todo modo, este modelo surtiu grande efeito na temporada 2023/24, dado que a escolha dos atletas foi muito precisa.
Maior exemplo disto é Sávio, extremo brasileiro que está jogando muita bola e já tem tudo certo para reforçar o Manchester City.
Atualmente, o Girona ocupa a segunda colocação de La Liga, sendo que teve a ponta da tabela em suas mãos durante uma parte considerável da competição.
Um trabalho louvável de Míchel Ángel Sánchez Muñoz.
Imagem: Reprodução Gazeta Esportiva
Palermo Football Club
Dono de um dos uniformes mais bonitos do mundo do futebol, o Palermo é uma equipe localizada na Sicilia.
Com 123 anos de idade, o Palermo nunca pôde ser considerado um grande clube do calcio italiano. Acumulou títulos da Série B italiana, bem como vice-campeonatos da Copa da Itália.
De todo modo, o Grupo City assumiu o controle de 80% do clube, em 2022. Até o momento, o time do sul da Itália se encontra na Série B, mais precisamente na quinta colocação, com possibilidades de voltas à elite.
Imagem: Reprodução GE
New York City
O Grupo City também marca presença na terra do soccer.
O clube, que completará 11 anos de idade em 2024 é um caso curioso.
Neste caso específico, o Grupo City é um dos criadores do New York, constituído em parceria com o New York Yankees, time de baseball e orgulho da cidade de Nova Iorque.
Mesmo com poucas temporadas na elite do futebol nacional, eles já possuem um título de Major League Soccer, conquistado em 2021. Têm também um ídolo de dar inveja, David Villa.
O espanhol é o maior artilheiro da instituição, com 85 gols.
Imagem: Reprodução Concacaf
Mumbai City FC
O Mumbai City é outro clube, assim como o New York City, recém criado e de muito sucesso.
Num país no qual o esporte nacional é o cricket e não o futebol, o Grupo City fez uma decisão acertada quando se trata de mercado a ser explorado.
Apesar do cricket ser a modalidade mais popular, um mercado com mais de 1,5 bilhão de potenciais consumidores não pode ser ignorado, sobretudo porque o povo indiano é sim apaixonado pelo futebol.
Entretanto, por falta de tradição, não há uma grande identificação dos nativos com a seleção nacional, que nunca se classificou para uma Copa do Mundo, tampouco tem participações relevantes nas eliminatórias e Copa Asiática.
Com isso, fundado em 2014, o Mumbai City já possui um título nacional em seu currículo, conquistado na temporada 2020/21.
Imagem: Reprodução X
Lommel SK
Continuando nosso giro, voltamos à Europa.
O Grupo City também possui a totalidade das quotas do modesto Lommel SK, que disputa a segunda divisão belga.
Atualmente, a equipe está na quinta colocação do torneio.
Este, talvez acima de todos os outros clubes nos quais tem participação, parece ser o trabalho mais laboratorial do fundo de investimentos.
A equipe possui uma média de idade de 22,5 anos. Esta, que já é incrivelmente baixa para uma equipe profissional, seria muito mais se não contasse com jogadores já considerados veteranos. Para se ter noção o elenco conta com quatro jogadores com 35 anos ou mais.
Apesar de ser uma equipe fundada em 1932 é considerada pequena, jogando num estádio com capacidade para 8 mil espectadores.
A instituição serve muito para dar bagagem aos atletas mais jovens, que precisam de rodagem em solo europeu. Este será um tema abordado na conclusão.
Imagem: Reprodução Sports Media
ESTAC Troyes
O Troyes é uma equipe que completará 124 anos de história em 2024.
Adquirido em sua totalidade pelo Grupo City em 2020, eles foram o décimo clube em seu portifólio.
Apesar de estar sob a batuta dos Emirados Árabes, pode ser considerado um dos trabalhos de menor sucesso deles.
Desde o início do projeto, o auge do Troyes foi o título da Ligue 2, em 2020/21. Mesmo com o acesso à Ligue 1, a equipe não conseguiu se firmar e voltou à divisão inferior.
Neste momento, ocupa a 16ª posição da Ligue 2, com boas possibilidades de rebaixamento para o National, que seria a terceira divisão e conta com times amadores e profissionais.
Convenhamos que a Liga Francesa, em si, não é dos campeonatos mais competitivos. Caso os fracassos continuem ocorrendo, o projeto deve ser reavaliado, já que não é interessante para o Grupo City e muito menos para o Troyes que o time continue nessa situação periclitante.
Imagem: Reprodução Get Football News
Montevidéu City Torque
Ora Clube Atlético Torque, o agora Montevidéu City Torque foi fundado em 2007 e passou ao controle do Grupo City em 2020.
O clube da capital uruguaia é mais um exemplo de um trabalho que vem sendo feito à lentos passos. Mesmo recém fundado, a equipe se divide entre temporadas medíocres, sem possibilidade de título ou acesso para a Libertadores.
Desta forma, sua temporada 2023 refletiu muito deste cenário, ficando em 7º lugar no torneio início (penúltimo do grupo), 11º no Apertura e 7º no Clausura.
Imagem: Reprodução/Montevideo City Torque
Yokohama F. Marinos
O Yokohama F. Marinos é um dos times mais tradicionais do futebol japonês.
Fundado em 1972, a equipe é pentacampeã da J-League e bicampeão da Copa da Ásia.
Foi uma das primeiras participações do Grupo City, que adquiriu 20% de suas quotas em 2014. O detentor dos outros 80% é a montadora de carros, Nissan.
O clube sai um pouco dos planos dos demais clubes do fundo de investimento, até porque a parcela detida pelo grupo corresponde a muito pouco em comparação aos demais projetos.
Ademais, a J-League impõe uma maior dificuldade para o registro de atletas estrangeiros.
Apesar do futebol japonês estar em franco crescimento, a transferências para dentro e fora da J-League ficam mais restritas.
Imagem: KYODO
Sichuan Jiuniu
Ainda no continente asiático, o Sichuan Jiuniu é a equipe do Grupo City na China.
Adquirida em 2019, o time foi campeão da Segunda Divisão Chinesa em 2023 e agora busca dias melhores na elite do futebol nacional.
O Grupo City possui apenas 28% de participação na equipe.
Melbourne City FC
Mais um clube num mercado de futebol não muito tradicional.
Criado em 2009 como Melbourne Hearts, a instituição teve seu nome alterado com a chegada do Grupo City, em 2014. À princípio, o grupo era sócio da Holding MS Australia, mas assumiu a totalidade das quotas em 2015.
Apesar de ser uma liga pouco competitiva, o time já possui dois campeonatos nacionais, sendo uma Liga e uma Copa.
Club Bolívar
O Bolívar, um dos clubes mais tradicionais da Bolívia, também é da família City.
Entretanto, diferente dos outros clubes aqui mencionados, não há qualquer tipo de participação societária do Grupo City sobre a instituição.
Isto porque seu proprietário é o magnata boliviano Marcelo Claure, que além do Bolívar, também detém participação no Girona, em parceira com o Grupo City e o Inter Miami.
A relação entre o grupo e o Bolívar se dá pela cessão de profissionais altamente qualificados, tanto para consultoria quanto para atuação direta, em troca de pagamentos.
Até o momento, a parceria tem dado muito certo.
O Bolívar chegou às quartas de final da Libertadores 2023, uma marca muito importante para uma equipe boliviana.
O mesmo tipo de parceria ocorre também entre o Grupo City e o Vannes, da França e o Istabul Basaksehir.
Imagem: Reprodução Manchester City
İstanbul Başakşehir
Fundado em 1990, o Basaksehir (Başakşehir) vem obtendo sucesso no cenário nacional.
Mesmo com equipes tradicionais como Fenerbahçe, Galatasaray, Trabzonspor e Beşiktaş, o novo clube da família City conquistou a Liga Turca na temporada 2019/20, e quer muito mais.
Os turcos assumirão o mesmo modelo do Bolívar e do Vannes.
Imagem: Reprodução World Football
Prós e contras do Grupo City
O Grupo City tem um plano de desenvolvimento muito bem traçado, que é basicamente estar presente na maioria das ligas relevantes ou não, ao redor do mundo.
Assim como toda empresa, tem como objetivo final o lucro. Isto se dá muito pela venda de jogadores.
Entretanto, não podemos fechar os olhos para tudo que o futebol envolve, além do lucro.
O Grupo City, ao chegar a um clube, procura imprimir sua identidade, mudando aquilo que é mais precioso para os torcedores.
Portanto, trocam escudos e até mesmo o nome das equipes. Em times de pouca torcida e quase sem nenhuma tradição, como é o caso de tantos dos 13 citados aqui, pode não ser grande coisa.
Mas quando tratamos de clubes como o Bahia, por exemplo, trocar o escudo e sobretudo o nome da equipe é algo inviável. A paixão dos torcedores do Tricolor de Aço é imensurável e a manutenção de certas tradições é imprescindível.
Caso o grupo tenha a compreensão que cada trabalho é um trabalho, respeitando a tradição de determinadas instituições, o negócio poderá ser mais frutífero.
Um outro ponto é o uso de clubes menores como trampolim para clubes maiores, dentro do próprio conglomerado.
Se valendo de jogadores jovens para transações milionárias, os atletas que sucedem em equipes menores são direcionados aos grandes clubes controlados pelo fundo dos Emirados Árabes, como o caso de Savinho, que trocará o Girona pelo Manchester City. Como fica a continuidade do time e a identificação dos torcedores com o jogador?
Por fim, a questão mais prática e absurda é a impossibilidade de duas ou mais equipes com um mesmo dono jogarem um mesmo torneio.
À medida que o Grupo City avança por todos os continentes do planeta e, com seu bom trabalho, é natural que os clubes se classifiquem para competições internacionais de alto nível. Logo, no caso de classificação de Girona e Manchester City, que é o que deve acontecer, para a Champions League 2024/25, uma delas (sabemos qual será), não poderá estar no torneio.
Estes são os perigos de um futebol cada vez mais mercantilizado, onde a questão esportiva e, precipuamente a paixão do torcedor para com o clube, fica em segundo plano, apenas para que um fundo já bilionário se torne ainda mais rico.
De todo modo, é impossível ignorar a metodologia de trabalho, que geralmente tem resultados positivos.
E você? Acredita no modelo do Grupo City e outros conglomerados da bola?
Escrito por Vitor F L Miller.