O Red Bull Bragantino de Pedro Caixinha

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Como o treinador português, Pedro Caixinha, arma o Red Bull Bragantino? Acompanhe conosco como o técnico de 52 anos está se saindo no comando do Massa Bruta, que ocupa a 3a posição do Campeonato Brasileiro, neste momento.

Pedro Caixinha se diz satisfeito com elenco, mas aguarda reforços; técnico promete Bragantino intenso em campo | bragantino | ge

Imagem: Danilo Sardinha/GE

A Carreira de Pedro Caixinha

Assim como uma parte considerável dos treinadores, Pedro Caixinha começou sua relação com o futebol atuando como jogador.

Na função de atleta, Caixinha foi modesto, e jogou por clubes de pequena expressão, em Portugal, dentre eles: Desportivo Beja, Penedo Gordo, Serpa, Favaios e Ourique.

Finalizou sua carreira com apenas 28 anos e, no mesmo ano, passou a seguir seu caminho como técnico. Seu início foi comandando as categorias de base do Desportivo Beja, equipe pela qual havia atuado como jogador.

Em seguida se transferiu para o Vasco da Gama (de Portugal), onde ficou por um ano.

Sua carreira tomou um outro rumo depois da grande parceria firmada com José Peseiro, conhecido técnico português.

A partir de 2004, a trajetória de Pedro Caixinha deu um salto, se tornando auxiliar técnico de Peseiro na passagem pelo Sporting (POR).

A bonita parceira entre os dois perdurou até 2011. No tempo em que estiveram juntos, passaram por Al-Hilal (SAU), Panathinaikos (GRE), Rapid Bukarest (ROM) e Seleção da Arábia Saudita.

Chegou então o momento de Caixinha respirar outros ares e caminhar pelas próprias pernas. Por isso, regressou à Portugal para assumir o comando técnico do União Leiria. Embora tivesse adquirido experiência e boas ideias de jogo, ser a voz principal no comando de uma equipe é uma outra história.

Logo, sua primeira experiência como treinador não foi muito positiva, olhando pela perspectiva dos resultados. Pelo União Leiria, foram 36 jogos, com 9 vitórias, 9 empates e 18 derrotas.

Pedro Caixinha demitido - I Liga - SAPO Desporto

Imagem: Reprodução União Leiria

Pedro Caixinha não se abalou e seguiu para o trabalho seguinte. O time escolhido foi o modesto CD Nacional, da Ilha da Madeira, terra natal de Cristiano Ronaldo.

Por lá, seu estilo de jogo começou a engrenar e os resultados passaram a aparecer. Ficou na Ilha da Madeira por uma temporada, tendo ganhado 15 jogos, empatado 8 e sendo derrotado 12 vezes.

Foi necessário cruzar o Oceano Atlântico para conhecer o gosto de ser campeão como treinador profissional. Desembarcou no México, em 2013, para treinar o Santos Laguna.

A conexão entre Caixinha e o clube foi instantânea, o que levou o trabalho a ser bem sucedido. Foram 956 dias no cargo, sendo campeão do Clausura Mexicano e da Copa Apertura, na temporada 2014/15.

O desafio seguinte foi no Al-Gharafa (QAT). Não muito pelo nível de competitividade, mas principalmente pelos valores envolvidos na transação, já que Caixinha havia atingido um status considerável após suas conquistas.

Nos anos posteriores ainda treinou o Rangers (ESC) e retornou ao México, onde se sentia em casa. A equipe da vez foi o tradicional Cruz Azul, onde também levantou o título da Copa Clausura Mexicana, na temporada 18/19.

Chegou até a retornar ao Santos Laguna, onde havia feito sucesso, mas não engrenou. Ficou ali por apenas 8 jogos, até se transferir para o Talleres da Argentina.

Mais uma vez, os resultados não saíram como esperado. Contudo, a melhora pode estar no trabalho seguinte. E foi o que aconteceu. Em 01/01/2023, Pedro Caixinha assume o Red Bull Bragantino.

OFICIAL: Pedro Caixinha, cesado como técnico de Santos LagunaMediotiempo

Imagem: Imago7

O Red Bull Bragantino de Caixinha

Mostrando-se um verdadeiro estudioso da bola, Pedro Caixinha não precisou de muito tempo para se adaptar ao futebol brasileiro.

Num ambiente no qual a troca de técnicos constante e a busca por resultados imediatos é uma realidade, o treinador português pôde contar com a boa estrutura organizacional do Red Bull Bragantino, combinado aos jogadores jovens e promissores à sua disposição.

Além disto, é preciso pontuar que a pressão sofrida em um clube como o Braga é diferente em relação aos grandes clubes de massa do Brasil. O RB Bragantino joga no Nabi Abi Chedid, com capacidade para 15 mil torcedores, mas que em raras oportunidades conta com sua lotação máxima.

Desta maneira, ele teve tempo, material humano e paciência de uma diretoria focada, para desenvolver seu trabalho.

Por exemplo, no Campeonato Paulista, primeiro desafio do ano, o Massa Bruta chegou à semifinal, mas foi superado, nos penaltis pelo Água Santa, uma equipe de investimento muito inferior.

Já pela Copa Sulamericana, passou bem pela primeira fase, mas foi derrotado, mais uma vez nos penaltis, nas oitavas de final para o conterrâneo América-MG.

Agora, quando o assunto é Campeonato Brasileiro, os números são diferentes. Vamos à eles.

São 24 jogos disputados até aqui, com 11 vitórias, 9 empates e apenas 4 derrotas, totalizando 58,3% de aproveitamento e um surpreendente 3o lugar na classificação. Para a conquista destes resultados, o Red Bull Bragantino marcou 33 gols e concedeu apenas 21, mantendo um saldo positivo de 12 gols.

Na maioria das vezes, os bons resultados estão acompanhados de números que os garantam. Por isso, separamos alguns dados recolhidos pela plataforma Sofascore, que demonstra como a equipe de Caixinha é capaz de ser incisiva e sufocar o adversário.

O Red Bull Bragantino é o primeiro colocado, dentre todos os times do Brasileirão, nos seguintes quesitos:

  • posses de bola ganhas no ataque (175)
  • desarmes mais interceptações (451)
  • jogos sem sofrer gols (13)
  • finalizações realizadas por jogo (16,4)
  • menos finalizações sofridas por jogo (10,9)
  • ações na área adversária (584)

A partir destes números, podemos fazer uma leitura precisa de como o Massa Bruta consegue seus resultados e sua principal forma de jogar.

Comecemos pela linha de defesa. O goleiro Cleiton, que em outros tempos, inclusive nesta temporada, sofria com falhas grotescas com uma frequência absurda, hoje encontra uma maior segurança e tem tido boas atuações.

Na lateral direita, o equatoriano Juan Hurtado, de apenas 21 anos. O Red Bull Bragantino trabalha muito bem no mercado Sulamericano, prospectando jovens talentos para posições e funções específicas, que se encaixam no esquema da equipe. Hurtado, por exemplo, serve como uma ótima sustentação do sistema defensivo, já que do outro lado está Juninho Capixaba, jogador que cria e ataca mais do que defende.

Hurtado possui a força física e capacidade de entendimento bastante aflorados, o que possibilita que ele cubra eventuais espaços deixados, sempre em compasso com o miolo de zaga.

A zaga titular é formada por Léo Ortiz e Realpe, mas tem contado muito com Luan Patrick, já que Ortiz tem sofrido com lesões frequentes.

Léo Ortiz é um zagueiro, sob nossa perspectiva, extremamente subestimado no futebol brasileiro. Ele é responsável por coordenar a defesa. Consegue fazer leituras perfeitas em relação às linhas de impedimento, preenchimento de espaços e compactação da equipe. Além disto, possui uma saída de bola refinada, atacando os espaços para superar a primeira linha de marcação adversária e se lançando ao ataque de maneira prudente, criando oportunidades para o RB Bragantino.

Já Realpe, outro jovem equatoriano, abusa de sua força física e capacidade de marcação. Ele possui uma média de 4,8 bolas recuperadas por jogo. Precisa apenas atentar para sua questão disciplinar, que é bastante comentada nos bastidores do clube, mas que já está sendo tratada por Caixinha.

Luan Patrick é substituto direto de Léo Ortiz, e vem fazendo uma ótima temporada. Ele possui características semelhantes às de Ortiz, fazendo com que o time mantenha seu padrão e que se complemente em relação à Realpe ou Natan (que foi vendido ao Napoli).

Agora, o destaque da equipe. Juninho Capixaba. A temporada do lateral esquerdo do Massa Bruta é simplesmente espetacular. Um jogador de rara qualidade técnica e percepção do jogo. No esquema de Caixinha, ele se desloca para o centro do campo tanto na saída de bola, quanto na segunda fase de construção (no meio de campo). Consegue achar passes e sua constante movimentação confunde a defesa adversária.

Uma outra forma de desajustar a linha de defesa do oponente é por meio do drible. No último terço do campo, quando aparece como opção, ele parte pra cima serve os pontas, os deixando em condição de assistir os homens que chegam de trás e Eduardo Sasha.

Ao J10, Juninho Capixaba cita amadurecimento e conta segredos do sucesso do Bragantino

Imagem: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino / Jogada10

A trinca de meio de campo é composta por Jadsom, Matheus Fernandes e Lucas Evangelistas. Os três jogadores possuem uma ótima sinergia. Pelo fato de atuarem juntos há algum tempo, tem características complementares, além de uma semelhança muito latente: a qualidade no passe.

Jadsom atua à frente da área, fornecendo a proteção necessária. Apesar disto, não se abstém de participar do jogo e costuma fazer a saída da bola, junto de Capixaba.

Matheus Fernandes, por sua vez, é um jogador de vigor físico. Além de se atentar à marcação, também faz muito bem o corredor esquerdo, correndo longas distâncias e carregando a bola para quebrar linhas, sobretudo nos contra-ataques do RB Bragantino.

Lucas Evangelista é um jogador mais técnico. Grande assistente da equipe com 5 passes para gol no Brasileirão. Gosta de pisar na área e cadenciar o jogo, quando necessário.

O trio de ataque varia bastante, seja por motivos de lesão, seja para adaptar o estilo de jogo do Massa Bruta em relação ao seu adversário. No último jogo, por exemplo, em que o RB Bragantino venceu o América-MG, os titulares foram Matheus Gonçalves, Vitinho e Alerrandro.

Matheus Gonçalves, de apenas 18 anos, foi contratado junto ao Flamengo. Que bela aquisição. Jogador extremamente habilidoso e eficaz. Deve ganhar a titularidade e deixar Sorriso no banco, que é um bom jogador, mas não é incisivo como o jovem Matheus.

Do outro lado, o titular seria Henry Mosquera. Mais um equatoriano no plantel. O jovem de 21 anos possui uma explosão e arranque sensacionais, além de uma personalidade de veterano. Enfrenta os adversários com maestria no mano a mano e não tem medo de finalizar as jogadas.

O homem gol é Eduardo Sasha, jogador experiente que sabe guardar a bola na rede e passe tranquilidade para os mais jovens.

Por fim, para corroborar com os números apresentados acima, o time do Red Bull Bragantino comandado por Pedro Caixinha joga num 4-3-3. Apesar de um esquema amplamente utilizado, ele encontra variações que tornam sua equipe letal e com um futebol envolvente.

A equipe busca quebrar as duas primeiras linhas de marcação com uma saída de bola qualificada e imprevisível, já que pode vir tanto pelos zagueiros, quanto por Capixaba e Jadsom. Assim, o time se movimenta em bloco, fazendo com que, quando os extremos são acionados encontram não apenas os laterais fazendo as ultrapassagens, como também os três meias que chegam à área como elemento surpresa.

Se a bola é perdida, tentam recuperá-la rapidamente. Quando não é possível, o time desce em bloco e se prepara para seu contra-ataque extremamente veloz.

O que vale ressaltar aqui é a capacidade de compactação da equipe, bem como as variações posicionais muito bem encaixadas.

Se mantidas as atuações, o Red Bull Bragantino deve se classificar para a Copa Libertadores diretamente. Um feito gigante para o, até então, modesto time do interior paulista.

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Imagem: Ari Ferreira / Twitter Red Bull Bragantino

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Escrito por Vitor F L Miller.

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Tags: Em evidência, Brasileirão

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