A Seleção Uruguaia, comandada por El Loco Bielsa, impôs seu favoritismo e avançou de fase sem tomar conhecimento de seus adversários.
A equipe do treinador argentino teve um salto de produtividade com sua chegada e tem chances de chegar longe.
Venha conosco nessa análise sobre passado, presente e futuro da primeira campeã mundial da história.
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A passagem de bastão de Óscar Tabárez ao Loco Bielsa
É impressionante que um país com apenas 3,5 milhões de habitantes (isso nos dias de hoje), tenha sido capaz de escrever, no passado e presente, uma história tão linda no futebol.
Com duas Copas do Mundo, duas Olímpiadas, quinze Copas América (maior vencedor ao lado da Argentina) e inúmeras participações em mundiais, a Seleção do Uruguai já viveu altos e baixos nesta trajetória.
Até 1974, raramente ficava de fora das Copas do Mundo. Havia faturado a taça duas vezes e na edição anterior chegou às semifinais. Só foi parada pois enfrentou o melhor time de todos os tempos, a Seleção Brasileira de Pelé e cia.
Porém, com o passar do tempo, os grandes times uruguaios não apareciam com a mesma frequência. Ficaram de fora da maioria das Copas do Mundo entre 1974 e 2006 (três participações entre oito possíveis).
Tudo muda a partir de 2006, com a chegada do lendário Óscar Tabárez. O treinador, ao lado de jogadores de capacidade inestimável como, Forlán, Cavani, Suárez, Lugano e Godin, conseguiram devolver a autoestima ao povo Uruguaio.
Em 2010, na Copa da África do Sul, uma campanha incrível. Um caso de amor sério entre Diego Forlán e a popular Jabulani, a bola do torneio, foi instaurado.
O atacante anotou cinco gols, sendo um dos artilheiros da Copa do Mundo. Além disto, foi considerado o craque da competição e autor do gol mais bonito.
O Uruguai chegou às semifinais e foi eliminado pela Holanda no detalhe, perdendo por 3×2.
Como se não bastasse, a Seleção Uruguaia se sagrou campeã da Copa América no ano seguinte, o que não ocorria desde 1995.
De lá para cá, participaram de todas as Copas do Mundo, chegando às quartas de final em 2018.
Entretanto, El Maestro, não mais em seu auge físico, teve de se afastar do cargo.
O escolhido para assumir foi Diego Alonso. O treinador comandou o Uruguai na Copa do Mundo do Catar, mas não teve um bom desempenho.
Eliminação na primeira fase, por pouco, é verdade.
Fato é que o futebol apresentado não convencia. Portanto, um nome sempre polêmico foi eleito para tomar a frente desta tradicional seleção.
Marcelo “El Loco” Bielsa chega ao Uruguai em maio de 2023, depois de quatro anos na Inglaterra, dirigindo o Leeds.
Incrivelmente, ele conseguiu passar aos jogadores o que gostaria que fosse feito, com muita velocidade.
Hoje, passaram de fase com 100% de aproveitamento na Copa América, bem como são vice-líderes das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, com apenas uma derrota.
Uma marca da campanha nas Eliminatórias foi a vitória contra a Argentina por 2×0, em plena Bombonera, com esquemas de marcação absolutamente inovadores para parar Messi, que deram muito certo.
Outrossim, triunfaram sobre o Brasil com facilidade e estão muito bem encaminhados para mais uma Copa do Mundo.
Imagem: Fifa
A nova geração da Seleção Uruguaia
Num momento em que nomes como Suarez e Cavani não são mais protagonistas (o segundo sequer foi convocado), novos nomes uruguaios de muita qualidade têm aparecido no futebol mundial.
Daqueles mais conhecidos, claro, Valverde, multi campeão pelo Real Madrid. Além dele, Darwin Nuñez, do Liverpool, Ugarte, do PSG e Ronald Araujo, do Barcelona.
Porém, alguns nomes menos conhecidos do mercado europeu, mas que são absolutamente dominantes em suas respectivas ligas de atuação são Giorgio Arrascaeta, Maximiliano Javier Araújo, Nicolas De la Cruz e outros.
El Loco Bielsa conseguiu, conforme dito, que os jogadores entendessem qual estilo de jogo seguir, que, em linhas gerais, é voltado para alto volume de criação de oportunidades, mas que pode ser adaptado em caso de necessidade.
Por exemplo, na partida contra a Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, em que a Seleção Uruguaia venceu por 2×0, com muita propriedade, Bielsa dominou Scaloni taticamente.
Sabendo que Messi seria o responsável pelo penúltimo ou último toque na bola no momento de definição, ele povoou sua entrada da área com grande número de jogadores.
Contudo, os uruguaios saíam na pressão, com dois ou três jogadores, apenas no momento que a bola chegava, ou estava prestes a chegar em Messi.
Com isso, os argentinos perderam todo o seu repertório e não foram capazes de criar nada. Com a recuperação da bola, a Celeste ligava contra-ataques rápidos e matou o jogo assim, com gol de Darwin Nuñez ao final da partida.
Já com seleções mais fracas, como Panamá, Estados Unidos e Bolívia, imprimiram seu jogo sem dó nem piedade.
Foram nove gols marcados em três partidas e um futebol de alto nível.
Acreditam que o Uruguai pode levantar outro título depois de treze anos?
Imagem: Copa América
Escrito por Vitor F L Miller.