O que está acontecendo com o futebol? Declan Rice comprado pelo por Arsenal £105m

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Fim da novela Declan Rice. O meia inglês era disputado por Manchester City e Arsenal num verdadeiro leilão. Os Gunners deram o lance final de £105m. Qual o impacto no futebol de uma transação com cifras tão absurdas? E mais, qual a razão de desembolsar uma quantia como essa por um jogador como ele?

Declan Rice: Arsenal agree £105m deal to sign West Ham and England midfielder this summer | Transfer Centre News | Sky Sports

Imagem: Sky Sports

Declan Rice

Declan Rice nasceu no dia 14 de janeiro de 1999, em Londres. O jovem demonstrava aptidão pelo futebol desde cedo, chegando às categorias de base do Chelsea já em 2006, com apenas 7 anos.

Em seguida, se transferiu para o West Ham, clube o qual defendeu até o momento de sua transferência.

Devido à sua origem irlandesa, Rice atuou pela Irlanda nas seleções de base. Entretanto, quando chegou o momento de decisão, ele optou por atuar pela seleção inglesa.

Declan Rice possui um título na carreira, a Conference League, conquistada junto ao West Ham, na temporada 2022/23.

Ele atua como volante e possui diversas qualidades. Ele possui um percentual 90% de acerto no passe, além de 63% de acerto no passe longo e um total de 74,5% de ações totais bem sucedidas.

Na marcação costuma levar a melhor sobre os adversário, com 55% dos duelos ganhos.

Em suma, é um jogador qualificado, sendo titular de seu clube desde cedo e tendo participado inclusive da Copa do Mundo de 2022.

Mason Mount Brasil | Fan Account on Twitter: "Enquanto jogava pela academia do Chelsea Mount fez diversas amizades, inclusive com jogadores conhecidos atualmente e até mesmo parceiros de time. Alguns desses jogadores

Imagem: Twitter

O mercado da bola

É evidente a crescente injeção de capital no maior esporte do planeta. Cada vez mais vemos mecanismos jurídicos e econômicos capazes de propiciar um ambiente favorável para que as transferências sejam objetos de investimento de grupos econômicos poderosíssimos.

Contudo, qual o preço dessa inundação de capital? Mais do que nunca, os preços de determinados jogadores, que atendem aos interesses de determinados investidores, fazem com que haja uma inflação nos valores pagos pelos clubes por atletas, muitas vezes comuns.

Ou seja, em algumas situações, caso atendidos os requisitos desejados pelos investidores, um jogador tem um valor muito superior à sua capacidade de produção dentro de campo, enquanto outros jogadores tem seu valor de mercado depreciado, se não vejamos.

Conforme expresso no artigo sobre a possível venda de Angelo ao Chelsea, o clube londrino pagou a quantia exorbitante de €121m, por Enzo Fernandez, que pertencia ao Benfica.

Claramente Enzo é um jogador excelente, com inúmeras qualidades. Ademais, teve participação no título da Copa do Mundo pela Argentina. Mas avaliemos friamente. O desempenho de Enzo Fernandez dentro do campo, tudo que ele entrega por sua equipe, é compatível com uma das maiores transações da história do futebol?

A resposta é clara: não!

O mesmo vale para Declan Rice. Apesar de ser um ótimo jogador de futebol, o valor pago por ele não traduz sua produção dentro de pouco, tampouco seu potencial de produção futura.

Mas como afirmar tais pontos?

Para tanto, devemos nos valer da comparação.

Uma, é a comparação temporal. Não precisamos ir até os tempos de Pelé para provar nosso ponto. Vamos nos transferir para o ano de 2013.

Há 10 anos, o Santos vendeu Neymar ao Barcelona pela quantia de €86m. Este valor, corrigido para os dias atuais (índice ESCPI 2013), seria de cerca de €101m. Acredito que não é necessário realizar uma comparação entre o futebol apresentado por Neymar e Declan Rice. À época, ele havia sido campeão da Copa do Brasil, da Copa Libertadores e Rei da América, da Recopa Sulamericana, tricampeão Paulista. Como se não bastasse, ele foi único a figurar como um dos 10 melhores jogadores do mundo atuando fora da Europa.

Apresentação de Neymar no Barcelona - 03/06/2013 - Esporte - Fotografia - Folha de S.Paulo

Imagem: Toni Albir

Retrocederemos um pouco mais. Em 2009, o Real Madrid pagou €94m por ninguém menos que Cristiano Ronaldo. Se atualizarmos o valor pelo índice ora mencionado, teremos o valor aproximado de €111m. Aparentemente não há termo de comparação entre os dois jogadores. Cristiano Ronaldo havia chegado a uma semifinal de Copa do Mundo, sem contar a Bola de Ouro, Champions League e Premiere League.

Uma década de CR7: atacante se torna o mais caro do mundo no Real | globoesporte.com

Imagem: Getty Images

Agora, comparemos com os dias de hoje. Em 2018, o Real Madrid pagou €90m pela dupla Rodrygo e Vinicius Jr, que são jogadores absolutamente excepcionais, decisivos e campeões da Champions League.

Portanto, qual a conclusão tirada destas comparações?

Jogadores nascidos no Reino Unido tem um acréscimo generoso em seu valor de mercado pelo simples fato de lá terem nascido.

O efeito da inflação no mercado futebolístico

O cenário vivido é perigoso. Não há mais comparação plausível a ser feita. Os parâmetros de pagamento foram totalmente esvaziados em prol do investimento. Não da produção de um jogador. Não daquilo que ele apresenta em campo e entrega à sua torcida e clube. Mas sim da ideia de garoto propaganda ideal, que por meio de sua imagem, inevitavelmente trará o retorno que os empresários buscam.

Ainda que o jogador não entregue as atuações que dele se esperam pelo valor pago (e não apresentará), isto pouco importa. Os aportes feitos hoje agem em detrimento ao resultado. Mais um caso típico no qual há a transferência de capital da produção para a especulação.

É necessário que as agências reguladoras como a FIFA e UEFA intervenham e sejam capazes fazer valerem as regras de fair-play financeiro. Caso contrário, o futebol estará fadado a um caminho sem volta, no qual a imagem terá um valor superior à produção dos atletas dentro campo, deixando os valores do esporte totalmente comprometidos.

E para você? Os valores das transferências são justos?

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Escrito por Vitor F L Miller

 

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