Por Marta Elena Casanova
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As exclusões de Taranto e Turris do campeonato da Série C de 2025 e os grandes problemas do Lucchese, à beira da falência, não são apenas más notícias para os torcedores e suas respectivas cidades. Eles são o sinal de que o sistema precisa mudar. A terceira divisão do futebol italiano não pode mais se dar ao luxo de ser o elo fraco, oscilando entre o amadorismo e o profissionalismo. Agora, uma reforma existe – e leva o nome de alguém que entende de sonhos: Gianfranco Zola.
As exclusões: mais um sinal de alerta
A não inscrição de Taranto e Turris reacendeu o debate sobre a sustentabilidade econômica da Série C. Salários atrasados, finanças descontroladas, estádios deteriorados: todo verão o mesmo roteiro se repete, com clubes desaparecendo dos radares e reaparecendo na Série D — com sorte. E a cada ano, surge a mesma pergunta: como é possível que um campeonato profissional viva em condições tão precárias?
Reforma Zola: uma Série C como laboratório do futuro
A “Reforma Zola”, apresentada no fim de 2024 e já válida a partir da temporada 2025-2026, é uma revolução silenciosa, mas ambiciosa. Idealizada pelo vice-presidente da Lega Pro, ela visa transformar a Série C no verdadeiro coração do futebol italiano. Não mais apenas uma categoria de passagem, mas sim uma fábrica de talentos, de ideias e um palco para desenvolver o futebol do futuro.
No centro do projeto estão três palavras-chave: juventude, formação e sustentabilidade. Três conceitos simples, mas que juntos podem mudar o rumo de todo um movimento.
Incentivos para as categorias de base: quem aposta nos jovens, ganha em dobro
O ponto central da reforma está aqui: recompensar concretamente os clubes que investem em jogadores formados em suas próprias categorias de base. A partir desta temporada, os times que colocarem em campo atletas “criados em casa” receberão prêmios financeiros até 400% maiores do que no antigo sistema. Uma virada histórica.
Mas não se trata apenas de dinheiro: é uma questão de identidade. Cada equipe deverá ter ao menos oito jogadores formados no próprio clube até 2029. Oito garotos que conhecem a camisa, a cidade, a torcida. Oito rostos sobre os quais construir um projeto, não apenas um elenco.
Durante anos, falou-se que o futebol italiano não dava espaço aos jovens. Que os talentos fugiam para o exterior, que nossas categorias de base estavam cheias de promessas nunca cumpridas. Agora, a Série C assume a responsabilidade de virar o jogo — e faz isso desde as raízes.
As palavras de Zola: “Os camisas 10 do futuro passarão por aqui”
Gianfranco Zola não é apenas o rosto da reforma. É sua alma. “Sem a Série C, eu nunca teria tido a carreira que tive”, disse o ex-meia. “Queria fazer algo concreto pelos jovens, e hoje podemos dizer que estamos conseguindo. A esperança é que, nos próximos anos, os futuros camisas 10 da seleção passem pelo nosso campeonato.”
Os primeiros dados são animadores: já nesta temporada, mais de 70% dos clubes utilizaram pelo menos um jogador vindo da base. O tempo de jogo dos jovens aumentou significativamente, e os olheiros das divisões superiores voltaram a olhar com atenção para a Série C.
É hora de entender que construir um futuro sólido não é gasto, é investimento. E talvez, justamente nas dificuldades, possa nascer o novo futebol italiano.
Por Marta Elena Casanova