Por Andrea Caropreso
Siga-nos nas redes sociais para ficar atualizado sobre as últimas notícias do mercado da bola:Instagram, Facebook e X.
A Arábia Saudita vem redesenhando as fronteiras do futebol há alguns anos. Uma operação antes tentada pela MLS americana ou pela China, mas que acabou se traduzindo em explosões momentâneas, sem continuidade real. No caso da Saudi Pro League, porém, o cenário pode ser diferente. A força dos petrodólares e um projeto que vai além do esporte, envolvendo a política, fazem dos árabes um verdadeiro fator de impacto — ou até de oportunidade — para os clubes europeus.
Do Petróleo à Bola
A Arábia Saudita iniciou uma transformação ambiciosa, utilizando o esporte como principal ferramenta de projeção internacional. Através do Public Investment Fund (PIF), fundo soberano com mais de 600 bilhões de dólares, o Reino começou a expandir sua influência no esporte global, com foco especial no futebol.
Entre as primeiras ações, o governo adquiriu 75% das ações dos principais clubes da Saudi Pro League: Al-Ittihad, Al-Nassr, Al-Hilal e Al-Ahli. Não por acaso, são essas as equipes que dominam o mercado com propostas astronômicas para jogadores. Uma jogada sem precedentes, que redesenhou o futebol saudita e lançou uma verdadeira operação de imagem internacional.
A chegada de nomes como Cristiano Ronaldo, Neymar, Benzema, Kanté e Mané colocou os holofotes sobre o campeonato saudita. Hoje, muitos atletas vão para o deserto não apenas no fim da carreira, mas ainda em plena forma — como Theo Hernandez, ou possivelmente Moise Kean. Contratos milionários que tornaram a Saudi Pro League um destino cobiçado até para técnicos, como Simone Inzaghi, que assinou por dois anos com o Al-Hilal por 50 milhões de euros.
Investimentos e Aquisições
Essa operação, que muitos definem como sportwashing, começou anos atrás, quando Itália e Espanha passaram a disputar suas supercopas nacionais em solo saudita, por cerca de 20 milhões de euros por edição. O paradoxo é que, embora os petrodólares da Arábia possam causar desequilíbrios, também são essenciais para um futebol europeu sedento por dinheiro novo.
Projeto | Ano | Área | Investimento estimado | Impacto principal |
---|---|---|---|---|
Aquisição de clubes da Saudi Pro League | 2023 | Campeonato nacional | ~200 milhões USD | Controle de 75% do Al-Ittihad, Al-Nassr, Al-Hilal, Al-Ahli |
Contratação de estrelas (Ronaldo, Neymar, etc.) | 2022–2024 | Reforços de peso | >1 bilhão USD | Visibilidade e valorização da liga saudita |
Contrato de Simone Inzaghi | 2025 | Al-Hilal | €25 milhões/ano | Know-how e prestígio europeu |
Supercopa Italiana na Arábia Saudita | 2018 | Competições sediadas | €23 milhões/edição | Acordos comerciais com a Série A |
Compra do Newcastle United FC | 2021 | Clube europeu | >1 bilhão USD | Retomada esportiva e vaga na Champions |
Copa do Mundo FIFA 2034 | 2024 (oficializado) | Organização de evento | Centenas de bilhões (estimado) | Estádios e infraestrutura para a Copa |
Um plano que, como a tabela mostra, deve culminar em 2034, quando a Arábia Saudita sediará pela primeira vez a Copa do Mundo da FIFA — já anunciada como um evento de proporções planetárias.
O Fundo PIF no Mundial de Clubes
Do Mundial de seleções ao de clubes. A Arábia Saudita não participa apenas com o Al-Hilal, de Simone Inzaghi, mas também com uma mega-patrocínio via o fundo PIF. Um acordo com a FIFA, cujos valores não foram divulgados, mas que, segundo especialistas, ajudará a entidade a cobrir os custos da organização do torneio nos EUA.
Apesar de ser anunciado como um evento histórico, o Mundial de Clubes gerou menos retorno financeiro do que o esperado. Muitos ingressos seguem encalhados ou vendidos a preços simbólicos. A DAZN tornou-se transmissora global de forma gratuita, já que nenhuma gigante da mídia quis adquirir os direitos. E foi aí que entrou a Arábia Saudita — redefinindo as regras do jogo: de outsider esportivo a protagonista global. Gostando ou não, o futuro do futebol também passará pelo deserto.