Totti: O Capitão Giallorosso

Totti Roma

Francesco Totti, de um garoto romanista apaixonado ao maior capitão e ídolo da história da AS Roma. Como o amor e a lealdade combinados com chutes inigualáveis fizeram com que o apaixonado torcedor giallorosso se tornasse a personificação máxima de um dos maiores clubes da Itália e também um ídolo nacional.

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O Pequeno Romanista

Francesco Totti nasceu no dia 27/09/1976 na capital italiana, filho de Fiorella Totti, uma típica mãe italiana e de Lorenzo Totti, um torcedor fanático da Loba, fanatismo esse passado pelo avô de Francesco, Gianluca Totti, que durante toda sua vida nutriu e passou o amor à Roma para toda sua família. Francesco ou Fra para os mais íntimos é irmão de Riccardo que também tentou a carreira como jogador de futebol.

Naturalmente, desde pequenino a bola fazia parte da vida de Francesco, aos 9 meses ele já andava, meses mais tarde aprendeu a chutar a redonda e ela nunca mais saiu de seus pés. Um fato curioso em sua infância foi um presente inesperado que ele ganhou aos três anos de idade.

Na Itália há a tradição da Befana, uma espécie de Bruxa que ajudou os Três Reis Magos. Após a época do Natal ela deixa doces na porta das crianças que se comportaram bem e pedaços de carvão na porta de crianças que se comportaram mal no ano, no caso de Totti a Befana deixou em sua porta uma bola, que Francesco carregaria junto a si pelo resto de sua vida.

Além da paixão, o pequeno Totti desde pequeno sabia muito bem o que fazer com a redonda, uma outra história curiosa de sua infância é que quando tinha 4 anos Totti foi com sua família a praia de Torvaianica na região metropolitana de Roma, e lá estava tendo um pequeno campeonato de futebol de garotos mais velhos, após muita insistencia de Totti e de seu pai, o pequeno vestiu a camisa nº 4 e foi jogar, logo em seu primeiro jogo guardou dois gols e foi convidado para jogar mais partidas.

Em seu bairro, Fra era conhecido por jogar muito bem, então as crianças de Porta Metronia não o deixavam jogar a não ser se fosse de um time muito pior do quer o outro, e mesmo assim geralmente não dava jogo, tamanho o desequilíbrio que Francesco exercia nas peladas em seu bairro, afinal com pouca idade já usava bem os dois pés.

Fra sempre foi torcedor da Roma, a final, toda a sua família era Giallorossa, porém em sua infância acompanhava pouco os jogos da Loba, pois poucos eram transmitidos na tv, porém o pequeno lobinho foi ao estádio ver seu primeiro jogo em 1983, o ano do título mais importante do clube. Nesse momento Totti sabia que aquilo era a sua vida, exuberado pelo estádio, torcida, jogadores e pelo jogo, ele sabia que era ali que ele pertencia.

Seu amor pela Roma e pelo futebol trouxe a idolatria ao lendário Giuseppe Giannini, o Príncipe, muito conhecido por sua elegância dentro de campo e por ser um dos maiores nomes da história da Roma.

O primeiro registro de Totti como jogador. Foto: repodução.
O primeiro registro de Totti como jogador. Foto: repodução.

Começo no Futebol.

Totti começou a competir futebol no Fortitudo aos 7 anos de idade, lá esbanjava talento, porém ficou apenas um ano no clube, rumando aos 8 anos para o tradicional clube amador Trastevere, onde jogou por 2 anos e começou a ser notado por muitos na Itália, já que sempre era um dois menores, porém melhores em campo, carregava a bola como ninguém, sua visão de jogo era de um profissional de 30 anos de idade, e sobretudo usava com maestria as duas pernas.

Francesco procurando encaminhar melhor sua carrreira foi para a Lodigiani, equipe com um ótimo futebol de base e visibilidade, continuou jogando muito bem e se destacando, chamando a atenção de diversos clubes, até que veio uma ótima proposta da Lazio, que o clube prontamente aceitou, porém Totti e sua família ficaram com um pé para trás, até que pouco tempo depois a Roma se movimentou e contratou o pequeno prodígio ambidestro para sua jogar nas categorias de base.

De 1989 a 1992 Totti jogou nas equipes juvenis da Roma, e já era tido como um dos maiores potenciais do futebol italiano, inclusive tendo passagens frequentes nas equipes de base da Seleção Italiana.

Cada dia que passava, Francesco encorpava mais e seu futebol crescia exponencialmente, até que em 1991 veio a primeira dificuldade na Carreira, com apenas 15 anos Fra lesionou gravemente seu joelho em decorrência de pancadas recebidas num clássico contra a Lazio, tamanha é a rivalidade entre os times de Roma, desde a base são travadas batalhas e não apenas partidas.

Totti teve que fazer uma atroscopia no joelho, se cuidou bem e continuou firme e forte rumo ao seu sonho de estrear pela equipe principal Gialorossi.

A estreia não demoraria a acontecer, e com apenas 16 anos de idade Francesco entrou em campo como profissional vestindo o manto que carregara com si por toda a sua carreira, na ocasião o jovem garoto entrou no final da vitória contra o Brescia no dia 28/03/1993.

Fato curioso foi que Totti não esperava nem ser relacionado para esse jogo, porém foi chamado um pouco antes da partida começar devido a lesão sofrida por um dos jogadores da equipe principal. O treinador Boskov sabia da qualidade do jovem de 16 anos e viu a oportunidade perfeita para a estreia. Quando chamado para entrar France se atrapalhou todo para tirar a calça meio que caiu no chão, tamanha era a ansiedade de debutar pelo seu time do coração.

Existem histórias de que dias seguintes de sua estreia pela Loba, Totti recebeu um telefonema, ou foi visitado por Ariedo Braida, ex-jogador que na época era diretor do Milan, o representante milanês fez uma proposta muito generosa, com literalmente tudo incluso, acompanhamento escolar, dinheiro, muito dinheiro, acolhimento e projeto de carreira, porém a resposta foi rápida e curta, Francesco só quer a Roma.

Sua fixação à Loba e sua infâcia romanista falaram mais alto naquele momento e Totti continuou trabalhando firme para conquistar seu espeço na equipe principal, após sua estreia em 1993, ele foi pouco utilizado, entrava vez ou outra, porém a partir de 1994 ele passou a ser figurinha carimbada na equipe profissional.

Ainda não era titular, longe disso, porém o jovem romanista mostrava muita qualidade e se adaptava muito rápido, seu desenvolvimento era continuo, as temporadas se passavam e Fra jogava mais minutos, só de estar ali ele já realizara um sonho, principalmente por estar jogando ao lado do Príncipe Giannini, seu ídolo supremo.

Sempre muito atento e comunicativo Totti era muito querido pelos jogadores mais experientes e pelos técnicos, e aprendia tudo com muita rapidez.

Totti ao lado de seu ídolo Giannini. Foto: reprodução

Totti, Futebol e Roma

Em 1995 e 1996 Totti começou a desencadear seu potencial, ele colava a bola no pé, via a movimentação dos companheiros a todo o instante e dava passes refinados, além de vez ou outra descolar uns golzinhos.

O jovem gladiador tinha respaldo total do técnico Carlo Mazzone, que acreditava tanto em Totti que criou uma relação especial com a sua família, afinal foi um dos primeiros a acreditar realmente no futebol de Francesco e no que estaria por vir para o jovem garoto e para a Roma.

Suas boas atuações no profissional da Roma renderam a convocação para a seleção sub-21 que disputou a euro sub-21 de 1996. Totti fez uma ótima competição e se sagrou campeão junto da Squadra Azzurra.

Voltando a Roma os torcedores queriam o ver jogar, porém o técnico era o argentino Carlos Bianchi, que o colocava um jogo ou outro e não dava regularidade a jóia giallorossa, o que causou estranhamento com a diretoria e com a torcida, o argentino acabou perdendo o braço de ferro e saiu do clube romanista.

O Visionário Tcheco

Seu sucessor, o Tcheco Zdenek Zeman vinha de 4 temporadas na maior rival do clube, a Lazio, porém a rivalidade foi deixada de lado e Zeman passou a ver Totti como o principal jogador da equipe.

O Tcheco não teve resultados primorosos com a Roma em seus dois anos de clube, porém ele foi o maior responsável pela ascensão e evolução do futebol de Francesco, Zeman sabia do potencial que Totti tinha para ficar com a bola e armar o jogo, porém sabia também da facilidade de driblar e de finalizar com as duas pernas do jovem garoto. Sendo assim o treinador adaptou a posição da jovem promessa, fazendo com que Totti jogasse mais próximo ao gol, as vezes como um segundo atacante, as vezes de ponta e ainda como meia armador.

A principal diferença de Zeman foi que ele entendeu que Totti era um finalizador, que mesmo com sua classe e pompa de um camisa 10 clássico, o jovem poderia ser muito mais eficaz jogando mais próximo do gol.

Tanto é que comandado por Zeman, Totti marcou 14 gols numa temporada e 16 em outra, demonstrando que era o homem gol Giallorosso e que o treinador tcheco tinha razão e foi um grande divisor de águas na carreira de Fra.

Nestas duas temporadas Totti mostrou mais do que tudo sua capacidade de chutar a bola, ele finalizava de tudo quanto é jeito, de direita, de esquerda, de falta, de voleio, colocado… era um arsenal completo mas ainda em desenvolvimento de chutes mágicos, precisos e impressionantes.

Exemplo disso foi um dos melhores jogos de Totti pela Roma, na vitória contra o Bari por 3 a 1 o gladiador só faltou fazer chover. Numa falta central quase na entrada da área fez um golaço, pegando a bola com tamanha violência e classe ao mesmo tempo a colocou no cantinho direito do goleiro do Bari que nada pode fazer, ainda neste jogo fez um lindo gol de voleio que seria quase costumaz ao longo de sua carreira, após receber cruzamento quase no bico do lado esquerdo da área, ele antes da bola sair emendou um chutaço cruzado de esquerda. Ali era apresentado para o mundo um jogador único.

Serie A 1997-1998, day 08 Bari - Roma 1-3 (2 Totti, Balbo, Volpi) - YouTube
Totti no magnífico jogo contra o Bari

Além de tudo Zeman não viu Totti apenas como um jogador magnífico, mas também como um líder, e não era só ele que pensava assim. A faixa de capitão foi passada para Totti por ninguém mais ninguém menos que Aldair, o destemido e voraz zagueiro brasileiro, que foi eleito por votação da equipe o capitão da Roma para a temporada, porém o renomado defensor que na época tinha 7 anos de casa pensava outra coisa.

Em entrevista a ESPN do Brasil Aldair revelou: “Eu pensei no que o Francesco Totti representava para o clube e para a cidade. Ele era torcedor do clube e um dos jogadores mais talentosos. Achei que seria muito importante ele ser o capitão do time e passei a faixa pra ele. A minha esperança era de que ele virasse o que virou. Fiz a escolha certa”

E realmente, que bela escolha de outro visionário dentro do elenco romanista.

Mesmo com um time com bons nomes como Totti em pura ascensão, Aldair, Cafú, Candela, Paulo Sérgio, Antonio Carlos, dentre outros, a equipe não conseguiu ótimos resultados dentro de campo, o que culminou na troca de Zeman por Cappelo a partir da temporada 1999-2000

De Promessa a Capitão e Rei

Com a chegada de Capello, Totti já era um jogador consolidado e capitão da Loba, o treinador italiano entendeu isso e conseguiu montar um time completo e com uma estrela prestes a radiar constantemente.

É certo que a primeira temporada de Cappelo, 1999-2000, foi uma temporada de transição, que foi usada muito bem de laboratótio para mapear milimétricamente até as menores deficiências da equipe, que poderiam ser sanadas com o dinheiro que seria investido na temporada seguinte com contratações.

Porém, antes do começo da emblemática temporada 2000-2001, Totti serviu a Seleção Italiana na Eurocopa de 2000, France entrou em quase todos os jogos e foi na semi final contra a forte holanda de seedorf, Davids, De Boer, Van der Sar, Kluivert, Bergkamp dentre outros que fez história, ao classificar a Itália para a final contra a França contribuindo com um penalti maravilhoso e desconcertante de cavadinha, ao seu melhor estilo.

Mas a volta foi dolorida, pois junto a Azurra não conseguiu segurar a impiedosa França de Zidane na final. Mas ele sabia que ainda iria dar alegria ao povo italiano, e que a glória em sua carreira estava próxima.

O gladiador voltou mais motivado como nunca, junto de seus companheiros, alguns novos como o experiente goleador Batistuta, o jovem incansável Cassano, o voraz volante em ascensão Emerson e o projeto de cherifão argentino Samuel, da comissão técnica e de seu fiel escudeiro Vito Scala.

Plantel da Roma 200-2001. Foto: AS Roma

A Roma num todo não aguentava mais o jejum de títulos, ainda mais depois de assistir de perto as temporadas gloriosas de sua principal rival, a Lazio, que quase dominou o futebol italiano no final da década de 90, Levantando títulos como a Liga Italiana, Copas Italianas, Suopercopas Italianas, Recopa da Uefa e Supercopa da Uefa, com um time recheado de talentos como Nedved, Stankovic, Salas, Crespo, Nesta, Vieri, dentre outros.

O clima de basta acoplado com a mentalidade competitiva de Fabio Capello e a vontade dos jogadores, fizeram com que que a efetividade dentro de campo sempre almejada pelo treinador italiano fosse facilmente atingida pela equipe, isso somado a qualidade técnica dos jogadores, fez com que a Roma começasse a ganhar uma partida atrás da outra. O time parecia jogar por música, todos sabiam o que fazer.

A torcida que não via um título desde 1983 sabia que o século iniciaria de maneira diversa, não tinha nada que pudesse parar o ímpeto romanista, a sede pela vitória e pela glória, o que era latente também a todo momento em Totti, já que sabia de sua importância não só técnica mas também mental como capitão e de idolatria com o torcedor Giallorosso, ele era a representação da ascensão do clube.

E como tudo parecia estar encaixado e pronto para acontecer as coisas apenas fluíram naturalmente, que equipe era essa… Totti fazia magia dentro de campo, eram dribles desconcertantes, passes precisos e claro, muitos chutes diferenciados e únicos, ao seu melhor estilo.

A sólida defesa, com um ataque matador foi um sucesso absoluto, era goleada atrás de goleada, golaço atrás de golaço, Totti parecia um maestro e ao mesmo tempo um artilheiro nato, a experiência e peso de Batistuta dentro da área e a raça e intensidade de Montella faziam com que Totti pudesse flutuar no ataque, jogando atrás do argentino e do italiano ou pelas pontas, essa liberdade fez com que o ataque Romanista fosse imprevisível e implacável.

Além disso, nomes como Cafú, Montella, Emerson, Nakata e Tomassi foram de suma importância para que a engrenagem continuasse rodando, quando raramente os três craques não faziam acontecer estes outros decidiam.

O tão sonhado Scudetto parecia ser certo, porém mesmo com o futebol conciso e bem jogado as coisas não eram fáceis, afinal o Campeonato Italiano era o mais disputado da Europa na época com squadras alucinantes e os melhores jogadores do mundo.

A Roma fazia um segundo turno espectacular  ficando 7 jogos invicto fora de casa, porém o campeonato rumava ao fim e a Roma tinha cada vez mais jogos cruciais para se manter no topo da tabela, dois desses jogos foram os clássicos contra a Lazio, um 2×2 amargo para os Lupi, pois saíram ganhando de 2×0 e viram a vitória escapar nos últimos minutos de jogo após gol de Castróman para os celestes.

O mais importante dos clássicos foi contra a Juventus, que também imprimia um futebol de primeira linha, nessa rodada a Vechia Signora estava a apenas 4 pontos da líder Roma, e um tropeço poderia significar uma grande ameaça aos planos Giallorosso, e essa partida começou de maneira desastrosa, com Derl Piero e Zidane a Juve abriu 2×0, a Roma não conseguia imprimir seu ritmo.

Vendo a dificuldade, Capello no ápice de sua genialidade/loucura resolve tirar Totti e Cristian Zanetti para promover a entrada de Marcos Assunção e Nakata, todos acharam um erro, porém o italiano tinha um plano, e foi após um lindo chute de Nakata que a Roma diminuiu, e dos pés do japonês saiu o chute que seria convertido em gol por Montella após aproveitar o rebote do goleiro da Juve, trazendo à Loba 1 ponto importantíssimo.

Após esse jogo a Roma dependia apenas de si para ser campeã, podendo até levantar o título com rodadas de antecedência,d porém após o empate em 1×1 com o Milan e o empate em 2×2 contra o Napoli a Loba precisava vencer o último jogo contra o Parma para garantir o Scudetto, os Deuses do futebol quiseram que a Roma fosse campeã no seu estádio e na cidade que carrega seu imponente nome.

Era o dia tão esperado, 17 de junho de 2001, 90 minutos separavam o torcedor Romanista de desentalar o grito de campeão após 18 anos. A torcida fez sua parte e lotou o Estádio Olímpico de Roma, mais de 75 mil romanistas criaram uma atmosfera única, cantavam, pulavam e flamejam bandeiras, era um mar Giallorroso empurrando seus guerreiros à vitória.

O Parma era uma equipe muito boa, com nomes como Buffon, Cannavaro, Thuram, Di Vaio, entre outros, mas nada seria capaz de parar os Lupi naquela tarde de domingo, o Capitão e Gladiador Totti sabia que aquele era o momento de ser o cara, de ser a cara da Roma, e o que ele fez nesse jogo é digno de cinema, a vontade, a garra, a paixão e a técnica que ele demonstrou no jogo foi algo ímpar, parecia que ele havia nascido para aquilo.

A Roma começou o jogo com tudo, tentando a qualquer custo furar fazer a bola passar do jovem goleiro Buffon, Francesco estava endiabrado, buscava todas as bolas, corria o campo inteiro e tentava organizar todas as jogadas, logo no início a Roma teve boas chances, mas não convertidas, inclusive uma falta venenosa batida por Totti que mais parecia um cruzamento que obrigou Buffon a fazer uma ótima defesa.

Aos 19 minutos Tomassi inverte linda bola para Candela, o francês domina no lado esquerdo da área rente a linha de fundo e toca a bola para trás, Batistuta com toda a sua experiência e genialidade vai de encontro a bola mas vê que Totti esta chegando livre e faz um lindo corta luz, a bola se apresenta pingando para o Gladiador, que não pensa duas vezes e chuta meio de trivela e canela com a força de 1 milhão de romanistas no pé, a bola entra veloz e perfeitamente no ângulo esquerdo de Buffon, que só viu a redonda entrar.

Totti sai correndo euforicamente, tira a camisa e ruma em direção da torcida Giallorossa que estava situada na curva sul do Olímpico, que momento! Ali um novo Rei de Roma era eleito, a paixão, o futebol, o amor, a genialidade, a identificação e o companheirismo fizeram com que dos pés dele saísse o primeiro gol que abriria o caminho de um dos títulos mais importantes da história da Roma.

O jogo continuou com a Roma indo para cima e Totti continuava no mesmo ritmo, conseguindo desequilibrar principalmente com suas magistrais bolas longas em direção de Batistuta e Montella, que tentavam de todo o jeito deixar os deles mas não conseguiam superar a muralha italiana.

Aos 39 minutos do 1º tempo, Cafu recupera a bola no campo de defesa e dá lindo lançamento para Batistuta, que carrega a bola com muita velocidade até adentrar a área e dar um chute firme e rasteiro para mais um milagre de Buffon, porém a bola rebate no goleiro e vai para o meio da área onde o outro artilheiro, Montella estava pronto para empurrar a bola pra dentro e ampliar o placar, colocando a Loba mais próxima ao Scudetto.

Com o gol de Montella, ele e Totti acabaram com 13 gols cada na temporada, ambos em 2º lugar na artilharia da Roma, atrás apenas do goleador nato Batistuta, ou melhor Batigol, que precisava deixar o dele na final para alcançar a marca de 20 gols, e tentava tentava tentava, até que uma hora não teve jeito, a redonda entrou.

Após lindo lançamento de Totti, Monbtella dentro da área toca de cabeça para o artilheiro argentino, que protege a bola, limpa o zagueiro e solta uma bomba no ângulo, para ter certeza de que a bola desta vez entraria, a festa estava completa o trio de ouro havia marcado e a Roma de uma vez por todas pintou novamente a cidade que  carrega seu nome em amarelo e vermelho.

Ainda antes de acabar a partida Di Vaio fez o de honra do Parma, antes mesmo de soar o apito a torcida invadiu o gramado e foi comemorar o título com os jogadores dentro do gramado.

A comoção com o título foi tanta, que aproximadamente 1 milhão de pessoas pararam as ruas de Roma para comemorar o tão sonhado título, Totti a partir daí foi nomeado no lugar de Falcão o 8º Rei de Roma, e sua vida nunca mais seria a mesma. A cidade de Roma ficou em festa por quase 4 meses, e Totti era a celebridade nº 1 na capital italiana com apenas 24 anos de idade.

Tamanha era a idolatria de Totti que seus pais tiveram que se mudar do bairro onde viviam, pois os fãs não saiam de lá de maneira alguma, inclusive pegavam vasos e tapetes do condomínio onde seus pais moravam.

Uma história curiosa desta época, retratada na série “Um Capitão” foi que um dia após a conquista, Fra foi com seu fiel escudeiro Vito a um restaurante em Roma, lá de cima do restaurante ele acenou para os fãs que ali estavam, porém esses invadiram o restaurante para poder ver e sentir Totti de perto, que precisou, junto a Vito sair pelo terraço do restaurante e depois tiveram que invadir uma igreja para despistar os fãs enlouquecidos.

A Roma foi campeã com 75 pontos em 34 jogos disputados, ao todo foram 22 vitórias, 9 empates e apenas 3 derrotas e teve o melhor ataque da competição com 68 gols marcados.

Totti comemorando seu gol diante do Parma na última rodada da Serie A 2000-2001. Foto: GABRIEL BOUYS/AFP

O Quase Bicampeonato e a Decepção Azurra

A Roma manteve quase todo o time campeão para a temporada 2001-2002, que era esperada por todos os apaixonados pelo jogo de futebol, o bicampeonato italiano e uma bela Champions League eram os objetivos dos Lupi e tudo parecia correr bem.

Totti continuava jogando muita bola e fazendo gols magistrais, porém alguma coisa parecia estar errada, a Roma no campeonato italiano acabou sofrendo com muitos empates, o que acabou fazendo falta para a reconquista do Scudetto, que foi para a Juventus. A Vechia Signora ficou apenas um ponto na frente dos Giallorossi.

Já na Champions a Roma acabou ficando de fora na segunda fase de grupos após derrota por 2×0 contrra o Liverpool, o mesmo algoz de 1984.

Porém, nesta temporada nem tudo foi ruim, inclusive esta é uma temporada guardada a sete chaves no coração de todo Romanista, afinal, foi nesta que os Lupi ganharam os dois clássicos de seu maior rival, a Lazio, inclusive uma destas vitórias foi uma sonora goleada por 5×1.

Este dia foi mais um mágico na carreira do Rei de Roma, Montella já havia garantido a vitória romanista após marcar 4 gols, porém Totti não estava satisfeito e queria deixar o dele.

no final do jogo após receber a bola de Montella de frente para a área mas longe dela, o Gladiador domina, gira e vê o goleiro da Lazio se adiantar, em fração de segundos Fra dá uma sutil cavadinha que morre no ângulo, um golaço, que ficará eternamente marcado na cabeça dos amantes do futebol e na história de um dos clássicos mais pegados do mundo.

Totti sai correndo em direção a arquibancada e levanta a camiseta, abaixo estava escrito 6 unica, mensagem para sua namorada Ilary, o que serviu para o craque engatar um lindo relacionamento com a apresentadora italiana.

9 cose da sapere sul derby del 5-1 di 20 anni fa - AS Roma
Totti dedicando seu gol magistral a Ilary. Foto: Roma

Ao fim da temporada, Totti só tinha uma coisa na cabeça, a Copa do Mundo de 2002.

Convocado como uma das maiores esperanças italianas, Totti fez uma boa Copa do Mundo, não com gols mas com belas jogadas e assistências, porém o sonho de trazer o tetra foi interrompido após a polêmica derrota contra a anfitriã Coreia do Sul nas oitavas de finais.

A Itália começou mal o jogo e logo aos 3 minutos o arbitro marcou penalti a favor da anfitriã, Ahn Jung-Hwan chutou e o espetacular Buffon voou para salvar. A Itália então se recompôs e começou imprimir um bom futebol, aos 17 minutos Totti cobra escanteio no primeiro pau e Cristian Vieri de cabveça abre o placar para a Azzurra.

A Itália teve diversas chances de ampliar o marcador mas não o fez, até que no final da partida a Coréia conseguiu empatar com o gol de Seol Ki-Hyeon, levando o jogo à prorrogação.

Na prorrogação, a arbitragem de Moreno começou a pesar muito no resultado do jogo, principalmente após a expulsão de Totti por dar a ele o segundo cartão amarelo por entendendo que o Gladiador tinha simulado um penalti, o que foi um absurdo, pois o atacante romanista dentro da área girou sobre a marcação e foi claramente deslocado.

Mesmo com um a menos a Itália tentava mas a bola não entrava, até que outro erro capital do juíz fez com que o ânimo da Azzurra acabasse, Vieri achou um lindo passe para Tomassi, que já tinha limpado o goleiro e estava pronto para fazer o gol, porém o banderinha achou um impedimento que não existiu.

No fim a Itália não aguentou o baque e  e levou o gol de cabeça de Ahn Jung-Hwan, aquele mesmo que havia perdido o penalti no início do jogo.

Pelas circunstâncias, foi uma derrota muito doída, sobretudo para Francesco que era o astro da seleção e um dos melhores jogadores do mundo na época, uma vez que se viu injustiçado e impotente para ajudar seus companheiros a alçar voos maiores em solos asiáticos.

O fatídico penalti não marcado que levou a expulsão de Totti e a não classificação Azurra. Foto: Reprodução.

Quando a Lealdade e o Amor Falaram Mais Alto

Na temporada 2002-2003 pós a decepcionante Copa do Mundo, o time da Roma não consegue se encontrar e acaba ficando apenas em oitavo lugar na Serie A.

Totti não estava contente com os resultados e sua relação com alguns integrantes da diretoria da Roma começou a ficar estremecida.

Ao final desta temporada, Francesco e Roma receberam uma proposta irrecusável, o poderoso Real Madrid tentaria de tudo para fazer o astro italiano e Rei de Roma se juntar aos Merengues.

Totti disse o seguinte sobre o assunto: “Foram ao menos duas vezes. Lembro de uma delas, acho que em 2003. Me restava um ano de contrato. Tive alguns problemas com o presidente e o Real Madrid me oferecia o que quisesse para estar ali. Me pagavam € 12 milhões líquidos e mais metade dos direitos de imagem. Era um total assim como 20, 25 milhões. E muito dinheiro para a Roma”

“Eu, entre umas coisas e outras, tinha a intenção de ir, com uns 80% de possibilidades. Além disso, não era o melhor momento com a Roma. Me ofereceram muito, qualquer coisa, também a camisa 10 de Figo, que iam vender para a Inter . Ali estava Raúl, o capitão, símbolo do Real Madrid, que era quem mais ganhava. Qualquer jogador que chegava tinha que ganhar menos que ele”

“Me sentia um grande jogador e, ao mesmo tempo, diferente. Com amor por uma camisa. Jogar com eles, pertencer a este grupo era fantástico. Logo, se não se jogava de início, pois não tinha problema. O Real Madrid não é um clube normal. Todo mundo gostaria de ter jogado ali com eles”

Ou seja, Totti estava inclinado a ir à Madrid, mas afinal, nestes termos, quem não estaria?

No entanto, seu coração falou mais alto e ele não quis e não pode largar o seu posto de Rei.

“Sempre fui torcedor da Roma. Foi meu sonho colocar essa camisa, o número 10, a braçadeira de capitão. Quando alcancei, quis conversar sempre muito bem. Esta é a sorte que tive e respeito a outros muitos. Sem acrescentar que estou na cidade mais bonita do mundo… Mar, montanha, sol, amigos, família… Eu não trocaria por nenhuma outra”.

Desde então France nunca mais pensou em sair do seu clube e hoje é sinônimo de lealdade e amor à camisa, sendo exemplo para muitos  ao redor do mundo, não só pelo seu futebol, que convenhamos era maravilhoso e de encher os olhos, mas também por sua conduta e respeito ao que o formou e ao que ele ama desde pequeno.

O Caminho Para a Copa de 2006

Na temporada 2004-2005 Totti e a Roma quase conseguiram mais um Scudetto, após bela campanha não conseguiram chegar na pontuação do poderoso Milan, que havia feito uma temporada irretocável.

Mesmo assim, o Gladiador Romanista continuava focado em desenvolver seu futebol e dar mais alegrias aos torcedores da Loba, bem como para a nação Italiana.

Já na temporada seguinte a Roma ficou novamente em oitavo lugar, o time parecia estar sem regularidade, chegou a fazer jogos magistrais, inclusive chegando a final da Copa Itália, mas perdendo o título para a Inter.

Era necessário um treinador com pulso firme e ao mesmo tempo maleável, foi aí que o nome de Luciano Spalletti veio forte para ser o treinador dos Giallorossi na temporada 2005-2006.

A evolução foi perceptível desde o início, porém alguns tropeços na temporada fizeram com que a Roma ficasse mais uma vez com o vice campeonato. O time jogava muito bem e inclusive bateu a impressionante marca de 11 jogos seguidos com vitórias.

Porém, para Francesco esta foi uma temporada dura, já que em fevereiro de 2006 sofreu grave lesão em seu tornozelo esquerdo na partida contra o Empoli.

faltavam apenas 4 meses para o início da Copa do Mundo e segundos os médicos, essa lesão deveria ser sanada com uma cirurgia para a incisão de uma placa no tornozelo. Para uma pessoa comum, a recuperação seria de no mínimo 8 meses, para um atleta no mínimo 6, porém para Totti, que se cuidava muito e ainda era jovem poderia ser em 4 meses.

Durante a recuperação, Totti recebia constantemente o técnico Spalletti, que vinha sempre no mesmo horário da noite, com um quadro e canetas, mostrar junto a Totti o que queria fazer com o time da Roma e o que almejava.

Luciano foi um fator preponderante na recuperação de Francesco, sempre o incentivando e fazendo de tudo para que o Ídolo máximo da Roma pudesse representar as cores da Loba na Copa do Mundo de 2006.

Totti conseguiu se recuperar e estava pronto para a disputa do tão esperado tetracampeonato.

Uma história marcante desta época foi a de que Totti, ainda em recuperação do seu tornozelo, no dia 12 de abril de 2006, no jogo contra o Palermo na semifinal da Copa Itália daquele ano, apareceu na Curva Sud para ver o jogo junto aos ultras romanistas, foi um marco bhistórico no futebol, a paixão como torcedor falou mais alto e Fra estava ali torcendo feito louco para a Giallorossa.

TOTTI

Idolatria Azzurra

Totti junto a Itália rumou à Alemanha para tentar conquistar o tão sonhado tetracampeonato, porém não seria fácil, afinal haviam ótimas seleções que iriam fazer de tudo para serem campeãs, como o Brasil de Ronaldo, Kaká, Ronaldinho e Adriano, a França de Zidane, Henry, Viera e Trezeguet, Portugal de Deco e do jovem Cristiano Ronaldo, a anfitriã Alemanha, dentre outras.

Fra se sentia totalmente recuperado e na esperança de Lippi o colocar na equipe titular, e foi o que op trenador fez, Totti jogava atrás do centroavante no característico 4-4-11 de Lippi, e tinha a missão de ser um organizador de jogadas nesta seleção italiana.

A estratégia do treinador italiano deu certo, a Itália se mostrava uma equipe muito consistente e que parecia evoluir a cada jogo, passou na fase de grupos em primeiro lugar com 7 pontos, se credenciando para as oitavas de finais contra a modesta Austrália.

Diferente do que todos imaginavam, a Austrália fez jogo duro contra a Azurra, principalmente pela tarde inspirada do goleirão Schwarzer e também pela expulsão de Materazzi no comecinho do segunto tempo.

O jogo era lá e cá e as duas seleções tiveram boas chances de abrir o marcador, no fim do jogo saiu dos pés de Totti o gol da classificação. Num penalti sofrido por Grosso depois do lateral esquerdo fazer linda jogada pela esquerda, invadir a área e ser derrubado.

O gladiador ajeita a bola com carinho, toma distância, corre para a bola e acerta um chute firme no canto superior direito do goleirão australiano, uma bela cobrança que garantiu a vaga nas quartas.

Nas quartas a Itália enfrentou a Ucrânia e ganhou de 3×0 após um ótimo jogo coletivo. N Semi veio um dos jogos mais emocionantes e imprevisíveis da história.

A Itália acabou se classificando para a final após gol de Grosso aos 13 do 2º tempo da prorrogação e do gol de Del Piero aos 14.

A fatídica final fora contra a França, um jogo memorável com brigas, bola na trave belas defesas e uma disputa de penaltis eletrizante. Totti o principal cobrador da Azurra já havia sido substituído, por isso não cobrou um dos penaltis, porém seus companheiros deram conta do recado e foram melhores que a França. A Itália era tertracampeã mundial

Totti por mas que não tenha feito uma Copa de belos números, foi de suma importância para a organização e espírito da Squadra Azurra.

Foto: reprodução AS Roma

A Volta à Roma em Grande Estilo

Totti, já consolidado como rei há alguns anos, chega na capital italiana ainda mais amado e idolatrado, o que para muitos era impossível devido a devoção dos torcedores à ele. Porém ao chegar não teve nem tempo de descansar, afinal Spalletti já tinha 1001 planos para o Capitão e para o time da Roma.

Spalletti conseguiu montar um time primoroso, muito bem ajustado e com um ataque matador. O estilo irreverente e sem papas na língua do treinador, foi fundamental para sua interação com os jogadores.

Na temporada 2006-2007 podemos dizer que foi o auge de Francesco, era um misto de experiência com jovialidade, classe e dedicação, além claro da técnica extremamente refinada que fez com que o Capitão fosse o artilheiro não só da Roma do ano, mas da Europa, ganhando a chuteira de ouro com 26 gols.

Totti com sua chuteira de ouro. Foto: AS Roma

Porém, mesmo com tamanha desenvoltora dos Lupi e o auge de Fra, a Roma não conseguiu conquistar o Scudetto, ficando na segunda colocação.

Esse time não merecia passar a temporada em branco, e não passou, pois foram campeões da Copa Itália após aplicar uma magistral goleada por 6×2 na Internazionale no estádio Olímpico, neste jogo Totti estava com tudo, logo aos 30 segundo quase marcou mas deixou a bola passar por debaixo de seus pés, no lance seguinte ele não perdoou.

No 1º minuto de jogo, o Gladiador recebe bola cruzada, ele estica o pé para dominar a bola, ela levanta e le logo emenda um belo chute de direita sem chances de defesa.

Aos 15 minutos já estava 3×0 para a Loba, que queria mais, e assim o fez, até acabar em 6×2, no Meazza a Inter ganhou de apenas 2×1 não conseguindo reverter o resultado. Mais um título para o Capitano e para a Roma.

Foto: AS Roma.

Já na temporada 2007-2008 a história seria a mesma que na anterior, com o vice na Serie A e a vitória na Copa da Itália, a Série A foi emocionante, a Roma jogou muito bem quase todas as partidas, mas a Internazionale que foi a campeã foi impecável e acabou conquistando o título apenas na última rodada.

No entanto, a Loba deu o troca e foi campeão da copa em cima dos Nerazzurri tornado-se na época junto a Juventos o clube que mais conquistou esse título, 9 vezes.

A final única ocorreu no Estádio Olímpico, e no estádio que a Roma esta habituada a chamar de casa o resultado não poderia ser diferente, 2×1 com gols de Méxes e Perrotta.

Na temporada seguinte a Roma caiu de produção, Spalletti foi demitido de maneira polêmica e para piorar ainda mais a situação Totti sofreu muito com lesões e mal conseguiu jogar. Uma temporada para o torcedor romanista esquecer.

Recuperado e agora sob o comando de Ranieri, Totti e a Roma fizeram uma boa temporada porém encontraram pela frente uma grande pedra no sapato, a Internazionale, que foi campeã do Scudetto disputando até a última rodada com a Roma e também da Copa Italiana em cima dos Giallorossi.

Carimbando a História no Futebol Italiano.

Francesco viu a Roma cair drasticamente de rendimento, as temporadas 2010-2011 e 2011-2012 não foram das melhores, com a Rma ficando apemnas no meio da tabela, porém o Capitão nunca desistia e sempre tentava dar seu máximo.

Já a temporada seguinte trouxe alegrias e tristezas, foi muito dolorida a derrota para a sua rival Lazio na final da Copa  Italiana.

Mas a temporada havia sido muito especial para Totti, pois  naquele momento o artilheiro de golaços carimbou seu nome como o segundo maior artilheiro da história da Serie A, roubando ma segunda colocação do Sueco Gunnar Nordahl, com 225 gols.

Totti como não era mais nenhum garoto foi evoluindo seu futebol, criando atalhos, ficando menos com a bola, porém mesmo com 36 para 37 anos de idade continuava sendo sempre o melhor e mais refinado jogador da Giallorossa.

Quando Rudi Garcia chegou a Roma, ele sabia que deveria dar um jeito de exprimir o máximo possível de Totti, então o francês parecia já ter um plano em mente para fazer o Capitão jogar a maioria dos jogos e em alto rendimento.

Rudi além de tudo é fã declarado de Totti e muitas vezes fez declarações nesse sentido, inclusive dizendo que Totti estava muito a frente do que normalmente os outros jogadores estavam quando tinham 37/38 anos, tecnicamente, mentalmente e sobretudo fisicamente.

A 1ª temporada foi de sucesso, a Roma vinha se ajeitando e contava com nomes experientes como Totti, De Rossi e Maicon misturado com a juventude de Rafel Toloi, Radja Naingolan, Pjanic, dentre outros.

Era uma Roma muito forte defensivamente, na Serie A levou apenas 25 gols e fez impressionantes 85 pontos, que se não fosse a campanha impecável da Juventos com o recorde de 102 pontos em 38 partidas, com 33 vitórias, 3 empates e apenas 2 derrotas.

Independentemente da excelente temporada da Vechia Signora que impediu a conquista de mais um scudetto pela Loba, essa temporada foi muito boa e demonstrou que a Roma tinha um bom time, um bom comandante e que seu Capitão ainda estava com tudo.

Na temporada seguinte 2014-2015 a Roma disputou a Champions league e tinha o objetivo de dar voos mais altos do que os já alcançados pelos Giallorossi, porém mesmo com uma equipe bem estruturada e com um futebol bem jogado, não foi possível faser uma boa Champions, saindo na fase de grupos, porém os que passaram foram Bayern de Munique e Manchester City.

Já na Europa League caíram para a Fiorentina nas oitavas de finais.

Nas competições europeias as coisas não foram bem, porém no Italianão veio mais um vice campeonato, de novo atrás da Juve. Totti sentia que ainda não tinha alcançado todos seus objetivos com a Roma, e sempre queria algo a mais, porém o tempo passava e as coisas ficavam mais difíceis, mesmo com uma boa vitalidade, técnica apurada e os mesmos chutes estonteantes, as recuperações pós partidas eram mais difíceis, ainda mais no futebol extremamente físico que virou o italiano.

Para piorar a situação Rudi Garcia, que acreditava muito no Capitão, e fazia de tudo para ele jogar sempre que possível, foi mandado embora.

Totti e Spalletti, uma Relação de Amor e Ódio

Com a saída do treinador francês no meio da temporada 2015-2016, a Roma decidiu apostar em um velho conhecido que já havia trazido glórias ao clube giallorosso, ele mesmo, o irreverente e agora mais linha dura, Luciano Spalletti. Depois de 5 anos no futebol russo o treinador chegou com uma bagagem interessante.

Totti estava feliz porém aflito com a chegada do novo comandante, pois sabia como Luciano poderia ser difícil e gostava de disciplina. Quis o destino que a chegada de Luciano fosse enquanto Totti estava machucado do tornozelo, assim como em 2006, porém desta vez o treinador não apoiou o Capitão da maneira que havia feito anteriormente.

Após a recuperação do Gladiador, Luciano insistia em não escalar Fran no time titular e mal o colocava em campo, assim a relação entre os dois foi desgastando rapidamente.

Totti pensava que Spalletti estava fazendo isso por puro revanchismo, pois o Capitão supostamente não teria ficado ao seu lado quandoa diretoria da Roma decidiu tirá-lo do clube em sua última passagem, ainda mais que em sua cabeça, Tootti ainda sabia que poderia ajudar a Roma dentro de campo.

Fato curioso neste meio tempo foi que Spalletti passou a pesar a mão no tratamento com Totti, por entender que o Rei exercia influência demais dentro da equipe e que tinha muitas regalias. Uma das primeiras e mais sentidas restrições impostas por Luciano foi a de vetar os jogos de cartas no clube e nas concentrações, que era um hobby e tanto de Totti.

Foto: Alessandro di Meo

Com todo esse alvoroço e por não ser utilizado em quase em nenhum momento, Totti foi à imprensa e abriu para o mundo o que estava sentindo e que ele estava muito chateado com a situação, inclusive indagando sua saída da Loba que sempre o acolheu e protegeu, vejamos:

“Não posso continuar na Roma se as coisas continuarem assim. Quero jogar e quero me sentir um jogador. Quero ter mais respeito por tudo o que fiz, e quero que meu futuro fique claro”, falou o ex-capitão da equipe em entrevista ao canal de televisão Rai.

Fato curioso desta entrevista é que ela aconteceu quase no mesmo momento em que Spalletti fazia uma entrevista coletiva, e nessa o treinador após receber diversas perguntas sobre Totti, falou que pensava em colocar o Rei de Roma como titular na partida contra o Palermo.

Quando o treinador italiano soube da entrevista de Francesco concedida à Rai, ele ficou possesso e de imediato cortou Totti da relação contra o Palermo.

O tempo foi passando e a rivalidade entre os dois só aumentava, Spalletti no máximo usava Fra em 5 minutos por jogo, sempre no finalzinho, porém os torcedores do ROma passaram a não gostar da situação, um evento curioso neste momento foi o jogo em que Totti estava afastado e foi ao Olímpico acompanhar seus companheiros da arquibancada.

Totti estava muito ansioso e não queria ir, afinal, na mídia a opinião estava bem dividida, porém, com muito esforço de sua ex-mulher Ilary, Totti foi convencido de ir, e foi o melhor que ele  poderia ter feito, Totti foi aplaudido de pé, musicas eram recorrente cantadas à ele, além dos bandeirões e faixas em alusão ao Capitão e Rei de Roma. Isso foi muito importante para Totti ver que ainda era amado e muito pela torcida Romanista.

Após muita pressão da torcida e a vontade de Totti, que estava treinando como nunca, Spalletti decidiu a contra gosto usar mais o artilheiro dos golaços, o que foi ímportantíssimo para a equipe, pois os jogadores pareciam mais motivados e Totti era meio que um amuleto, sempre que entrava ou decidia com gols ou com passes.

Contra o Sassuolo entrou e empatou o jogo em 2×2, fazendo seu 300 gol com a camisa da Roma, mais um dia histórico.

Fez um golaço contra a Atalanta para garantir a vitória Giallorossa, ele pegou uma bola sobrada de fora da área e mandou uma bomba de direita rasteira sem chances para o goleiro. Entrou e fez dois contra o Torino para garantir a vitória Romanista, levando diversos devotos ao choro e à loucura, Totti sempre teve e continua tendo essa força para inspirar grandes emoções nas pessoas.

E o mais importantes dos poucos gols nessa temporada conturbada foi contra o Genoa, um gol histórico e maravilhoso de falta, após a bola ser rolada para ele, Totti espera a bola ficar na posição correta e chuta de peito de pé/trivela, a bola pega tamanha força e efeito que ela para direitinho no Ângulo esquerdo do goleiro. Com o gol, Fra ajudou a Roma a garantir o 3º lugar no Campeonato italiano e mais uma vez a vaga a Liga dos Campeões.

Totti de fato não poderia ser deixado de lado, ele é a cara da Roma, a cara dos torcedores, ídolo máximo, quem sabe até o maior Rei de Roma da história.

Totti entra aos 41 do 2º tempo, faz dois e garante virada do Roma sobre Torino

O Adeus do Rei

Com o final da temporada em alto nível, a diretoria da Roma decisiu estender seu contrato por mais um ano, dessa vez já estipulado que sua aposentadoria viria ao final desta. Totti de início aceitou, afinal estava prestes a fazer 40 anos, mas sentia a vontade de continuar e de não largar o posto tão marcante que ele tem no clube.

Essa temporada não foi brilhante para Totti, que sofreu muito precocemente com sua futura aposentadoria, para o Capitão, era difícil imaginar sua vida não sendo um jogador de futebol, afinal eram 25 anos de carreira e de um clube, isso mexeu muito com sua cabeça, porém com a ajuda de sua mulher, mãe, pai, filhos e amigos Fra conseguiu encerrar em paz.

Ao todo nessa temporada foram 3 gols e 8 assistências, ajudando a Roma a chegar nas oitavas de finais da Europa League e em segundo do campeonato italiano, ficando atrás apenas da soberana Juventus.

Sua despedida foi a mais emocionante de um jogador de Futebol, o Estádio Olímpico estava deslumbrante, com a torcida Giallorossi chorando, gritando e tentando ao máximo aproveitar os últimos minutos vendo o craque ambidestro, capitão forte e amável e Rei absoluto desfilando dentro de campo.

Foram 25 anos de chutes desumanos que rompiam qualquer barreira dos ensinamentos da física, bolas enfiadas letais, dribles curtos e um controle de bola ímpar, além da raça e alegria em jogar no clube que sempre dominou todo o seu coração.

Em sua despedida Totti fez um lindo discurso emocionado,fazendo questão de mostrar que a torcida da Roma continuaria sendo uma das coisas mais importantes da sua vida, vejamos:

“Perdoem-me por não dar entrevistas e esclarecer meus pensamentos, mas não é fácil apagar a luz. Estou com medo. Não é o mesmo medo que você sente quando está de frente para o gol, prestes a cobrar um pênalti. Desta vez, não sou capaz de ver como será o futuro através dos buracos na rede. Permitam-me sentir medo. Desta vez, sou eu que preciso de vocês e do amor que vocês sempre demonstraram por mim. Com seu apoio, eu vou ser bem-sucedido em virar a página e mergulhar em uma nova aventura”.

Ciao, Capitano: veja as melhores imagens da despedida de Totti na Roma | futebol italiano | ge

O Rei de Roma encerrou sua carreira depois de 25 anos, e conseguiu ao longo destes impressionantes marcas:

  • Campeão da Copa do Mundo de 2006.
  • Jogador que mais atuou com a camisa da Roma, 783 jogos
  • Jogador com mais gols marcados pela Roma, 307 gols
  • 3º jogador com mais partidas na Serie A com 618 partidas
  • 2º maior artilheiro da história do Campeonato Italiano com 250 gols;
  • Guerin d’Oro: 1998 e 2004
  • Oscar do futebol AIC (Associação Italiana de Jogadores): Melhor jogador jovem: 1999
  • Man of the Match da final Itália-França da Euro 2000
  • Seleção da Euro 2000
  • Oscar do futebol AIC (Associação Italiana de Jogadores): Melhor jogador: 2000, 2003
  • Oscar do futebol AIC (Associação Italiana de Jogadores): Melhor jogador italiano: 2000, 2001, 2003, 2004, 2007
  • Equipe do ano ESM (European Sports Magazines): 2000–01, 2003–04, 2006–07
  • FIFA 100
  • Melhor gol: 2005 (Inter 2-3 Roma, segundo gol), 2006 (Sampdoria 2-4 Roma, quarto gol)
  • All-Star Team da Copa do Mundo de 2006
  • Artilheiro do Campeonato Italiano: 2006–07 (26 gols)
  • Chuteira de Ouro da UEFA: 2006–07
  • USSI Pallone d’Argento: 2007–08
  • Golden Foot: 2010
  • Equipe dos sonhos da EURO Sub-21: 2014
  • Jogador mais velho ao marcar na Liga dos Campeões da UEFA: 2014–15

Ou seja, Totti era um futebolistas fantástico, que quem sabe se aceitasse algumas das propostas que teve poderia ter mais títulos na carreira, mas isso nada importa, depois que você é Rei de uma cidade e o bem maior que um clube jamais  poderia pensar em ter, Francesco é lealdade, amor, paixão, futebol e sobretudo Roma.

Fora das 4 Linhas

Qundo não está dentrop de campo, Francesco gosta de ficar com a família e amigos, se tiver um doce então, aí está perfeito.

Totti tem uma escolinha de futebol para crianças carentes e refugiadas, a escolinha é tocada na maior parte do tempo pelo seu iormão Ricardo desde 2007, ano de sua abertura.

Francesco tem 3 filhos, o mais velho Cristian, Chanel e a caçula Isabel, seu filho Cristian jogou por muitos anos na base da Roma e atualmente joga pela equipe sub-19 da Frosinone.

Sua ex-mulher Ilary foi um dos fatores fundamentais para o sucesso da carreira de Fra, sempre ao seu lado a apresentadora o ajudava a todo o momento com ideias e palavras reconfortantes.

O Início do relacionamento dos dois foi bombástico e tomou conta dos noticiários de todo o país, Francesco se apaixonou por Ilary a vendo na TV, foi amor a primeira vista, um dia se conheceram mas Ilary achava que era apenas mais uma para Totti, sendo assim o Capitão não mediu esforços, levou sua pretendente ao Olímpico em dia de clássico, fez um dos gols mais lindo na vitória de 5×1 contra a Lazio e saiu comemorando com uma camiseta escrita 6 unica (você é única).

Depois dessa não teve jeito, se casaram em  2005 num lindo castelo em Roma, a Sky televisionou o casamento comprando o direito de imagem por 30 mil euros, dinheiro este que o casal reverteu para instituições de caridade.

France e sua família são apaixonados em cachorros, já tiveram diversos, porém os mais icônicos são doi labradores amarelos que o Capitão ganhou do presidente da marca Diadora, eles foram treinados e serviram como salva vidas na região costeira de Roma, inclusive salvando uma mulher de 60 anos e uma criança de 8.

Francesco-Totti-con-i-suoi-Labrador

France tem como um de seus melhores amigos de vida o preparador Vito Scala, que o acompanhou oelos seus 25 anos de carreira na Roma, os dois eram inseparáveis e faziam tudo juntos.

Francesco Totti não é só um ídolo e jogador magnifíco, Francesco é um homem iluminado, capaz de inspirar sempre o melhor das pessoas, pode parecer até arrogante ou rude, mas é apenas a cara de mau.

Eternizado na história e no coração do Futebol por seus feitos, gols impressionantes, se fez 3 feios na carreira é muito, e sobretudo por sua lealdade e paixão ao clube e a torcida que vão estar pelo resto da eternidade ligados ao único Capitão.

Escrito por João Felipe Miller.

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