Viradas Históricas: Flamengo x River Plate Final Libertadores 2019

Futebol, o esporte mais amado ao redor do mundo, algumas das razões disso são sua imprevisibilidade e sua capacidade de surpreender seus espectadores. Hoje daremos continuidade a série que conta viradas históricas, a fim de demonstrar intrinsecamente que não há jogo perdido ou ganho, afinal isso não é matemática, mas sim a relação de diversos fatores e pessoas que o transformam o futebol em algo único.

Hoje a fase semifinal da Libertadores de 2023 terá início, sendo assim, não poderíamos deixar de retratar uma virada histórica do torneio mais competitivo do planeta, trata-se da final de 2019 entre Flamengo e River Plate, um jogo cheio de tensão, surpresas, embates e paixão, um belo retrato do que é a Libertadores da América

Prognósticos de Flamengo e River Plate Antes da Final

River Plate

O Millionario jogava a Libertadores de 2019 a fim de defender seu histórico título da temporada passada conquistado diante de seu maior rival, o Boca Juniors. Final essa que ficou marcada na história por diversos fatores.

Foi a primeira vez que dois times argentinos se enfrentaram na final da Libertadores, e como sabemos a rivalidade desses dois clubes é gigantesca e mobilbiza toda a Argentina e quase todo o continente, no primeiro jogo que ocorreu na Bombonera o River conseguiu sair com um empate em 2×2, já o segundo jogo programado para ocorrer no Monumental de Núñez acabou não acontecendo, pois o ônibus do boca foi atacado pela torcida do River. A Conmenbol então agiu rápido e modificou o jogo para Madri na Espanha.

No velho continente o River conseguiu imprimir um bom futebol e com o placar de 3×1 se sagrou campeão da Libertadores de 2018 diante de seu maior rival.

A temporada de 2019 na Libertadores começou consistente mas sem belos resultados, fez uma fase de grupos modesta mas que garantiu a vaga para as oitavas após se classificar com 10 pontos em 6 jogos, em casa o Millionario empatou com o Internacional de Porto Alegre por 2×2, ganhou do Alianza Lima do Peru por 3×0 e empatou sem gols com o Palestino do Chile, fora de casa o River empatou em 1×1 com o Alianza Lima, empatou com o Internacional por 2×2 e conseguiu a vitória diante do Palestino por 2×0, se classificando em 2º lugar com 10 pontos.

Nas oitavas o River encarou o Cruzeiro, e as partidas foram mais truncadas e pegadas do que jogadas, resultando em dois 0x0 e na classificação do River em pleno Mineirão nos pênaltis. Nas quartas o Millionario encontrou o Cerro Porteño e largou bem em casa construindo um confortável 2×0, no segundo jogo entrou com o regulamento embaixo do braço e se classificou para a semifinal após empatar em 1×1 no Paraguai.

Na semifinal, quis o destino que River e Boca se enfrentassem novamente em fase decisiva da Libertadores, era a oportunidade perfeita para uma vingança dos Xeneizes, porém o River, que ostentava até então o título de melhor clube da América fez dois ótimos jogos e com facilidade se qualficou para final, após ganhar em casa por 2×0 e fora por 1×0, chegando pela segunda vez seguida a final da Libertadores.

O que não foi surpresa para ninguém, afinal era o atual campeão, tinha o melhor técnico das Américas, Rafael Galhardo, alérm de contar com uma equipe extremamente entrosada e qualificada, com nomes de peso como Armani, Enzo Pérez, Montiel, Nacho Fernandéz, De la Cruz, Borré, o jovem Julian Alvarez em começo de carreira, dentre outros.

River Plate comemorando o título da Libertadores de 2018 diante do Boca Juniors. Imagem: Juanjo Martín (EFE)

 

Flamengo

O Flamengo por sua vez começou a temporada de 2019 agressivo no mercado, afinal desde 2015 vinha batendo na trave para ganhar títulos de grande relevância no futebol brasileiro, sendo assim não mediu esforços e começou trazendo para comandar a equipe o multicampeão Abel Braga, além do treinador chegaram também nomes de peso como Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Rodrigo Caio, Arrascaeta na primeira janela e Rafinha, Filipe Luís, Gerson e Pablo Marí na segunda.

o Mengão começou embalado e de cara foi campeão carioca imprimindo um bom futebol, mostrando que as contratações efetuadas foram de suma importância para a equipe. Mas como sabemos, o Flamengo é o dono da maior torcida do Brasil, o que traz ao clube extrema pressão por resultados imediatos.

Na Libertadores as coisas começaram a complicar um pouco o time parecia não conseguir atingir seu potencial mas mesmo assim se classificou em primeiro lugar, após marcar 10 pontos nas seis partiidas, fato curioso deste grupo, foi que Flamengo, LDU e Peñarol anotaram 10 pontos e as vagas para as oitavas foram decididas no saldo de gol, com Flamengo se classificando em 1º e LDU em 2º.

Mesmo com a classificação na Libertadores e com as coisas correndo bem no campeonato Brasileiro, o técnico Abel Braga, por motivos pessoais decidiu se afastar do Flamengo e não ser mais o treinador Rubro-Negro, a diretoria passou a se movimentar rápido no mercado em busca de um bom nome, e não é que encontraram…, não só um bom nome, mas um Mister português que faria esse time do Flamengo ser um dos melhores futebols do mundo.

É verdade que no começo Jorge Jesus penou um pouquinho para encontrar a melhor forma de escalar e fazer o Flamengo jogar, exemplo disso foi a classificação sofrida nas oitavas de finais da Libertadores diante do Emelec que veio nos penaltis após derrota de 2×0 no Equador e vitória sofrida por 2×0 no Maracanã.

Porém com a classificação para as quartas o clima ficou mais ameno e os jogadores passaram a jogar mais leves, além de abraçar o Mister Jorge Jesus e suas ideias de jogo, que caíram como uma luva num elenco tão qualificado individualmente, o Flamengo passou a imprimir um futebol magnífico, de ataque total e passou a somar muitos pontos no Brasileiro.

Nas quartas de finais o Rubro Negro encarou o Internacional de Porto Alegre, venceu em casa por 2×0 e empatou fora por 1×1 se classificando para a semifinal, que também foi contra um time gaúcho, o badalado Grêmio do técnico Renato Gaúcho, apesar de parte da mídia acreditar que o Grêmio poderia parar o rolo compressor Rubro Negro, não foi isso que aconteceu.

O primeiro jogo foi na Arena do Grêmio, um bom empate em 1×1, onde os dois times jogaram bem, deixando pro Maracanã um a alta expectativa, essa expectativa foi atendida apenas pelo o Mengo, que meteu um sonoro 5×0 no Grêmio, que não conseguiu jogar naquela noite, tamanha a intensidade do time de Jorge Jesus. Assim o Flamengo se credenciou para a final, além de demonstrar que era capaz de destronar o River.

Gabigol e Arrascaeta sendo apresentados à torcida Rubro Negra. Imagem:Alexandre Vidal / Flamengo

Final: Flamengo 2×1 River

Era a final que todos esperavam, o atual campeão da América River Plate, time entrosado, acostumado a decisões e com uma disposição tática incrível acoplada a técnica individual de seus jogadores, era um time cascudo que tudo parecia dar certo. Do outro lado o Flamengo, time ousado que vinha botando brilho nos olhos não só de seus torcedores mas de todos os amantes de futebol, era ataque total, lindos gols além da sabedoria que vinha do banco com o Mister Jorge Jesus.

Pela primeira vez na história da competição a final seria disputada em um único jogo em campo neutro, a cidade escolhida para dar vida ao grande espetaculo foi a linda Santiago, porém devido aos fortes protestos contra o até então presidente Sebastián Piñera que ocorria em todo o Chile, a Conmenbol decidiu alterar o local, e a cidade escolhida foi Lima no Peru, no lindo Estádio Monumental.

Com quase 60 mil espectadores na capital peruana, após lindo show de abertura com direito a Anitta, o arbitro Chileno Roberto Tobar apitou para dar início a um dos jogos mais inesquecíveis do futebol sul-americano.

O badalado Flamengo entrou em campo no tradicional 4-3-3 de JJ com: Diego Alves no gol; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís na defesa; Wilian Arão, Gerson e Arrascaeta no meio e èverton Ribeiro Gabigol e Bruno Henrique no ataque.

Já o consistente River veio a campo numa espécie de 4-4-2 com: Armani no gol; Montiel, Martínez Quarta, Pinola e Casco na defesa; Pérez, Palacios, De la Cruz e Nacho Fernández no meio e no ataque Borré e Matías Suárez.

O jogo começou e o River era quem ficava mais no campo de ataque, o Flamengo por sua vez sentia muitas dificuldades em trocar rápidos passes, característica marcante deste time, isso ocorreu muito pois o River com os 4 homens no meio conseguia dominar essa parte do campo, além de ficar mais com a posse e conseguir recupera-lá logo após a perda.

O River Plate aproveitou a situação frágil em que o Flamengo se enc ontrava e partiu pra cima, aos 13 minutos a zaga do Flamengo tenta afastar a bola, porém Enzo Pérez age rápido e a intercepta, o volante tenta lançamento rasteiro para Nacho mas é bloqueado, a bola volta para ele que agora sim consegue achar Nacho, que domina, carrega a bola pelo lado esquerdo da área e cruza rasteiro, para trás, a bola passa por Arão e sobra para Borré que não perdoa e de primeira põe no cantinho, sem chances para Diego Alves. 1×0 River.

Com o gol o River passou a segurar um pouco mais suas insinuações ofensivas mas manteve a marcação firme no meio, sobretudo para não deixar o Flamengo fazr as infiltrações com Gabigol e Bruno Henrique, e a tática do Millionário vinha dando muito certo, aos 35 o time argentino quase almentou o marcador após bomba de fora da área do jovem Palácios, que passou tirando tinta da trave direita de Diego Alves.

Ainda antes de acabar o primeiro tempo o River teve boa chance com Borré, que invadiu a área sozinho pela esquerda e desperdiçou a chance chutando em cima de Diego Alves. Para alegria do torcedor Rubro Negro acabou o 1º tempo, no qual o Mengão não conseguiu fazer nada ofensivamente, além de demonstrar muita vulnerabilidade quanto o River fazia jogadas pelas pontas do campo.

No segundo tempo o Flamengo melhorou muito, principalmente pq Arrascaeta e Everton Ribeiro conseguiram segurar mais a bola e começaram a achar bons passe para Bruno Henrqique e Gabigol, logo no primeiro minuto do 2º tempo, Arrascaeta recebe a bola nas costas dos volantes do River, carrega em direção a áre e abre na direita para Gabigol, que ginga, limpa para dentro mas chuta fraco de esquerda no meio.

5 Minutos depois o River responde na mesma moeda, e em outro chute de fora, Palácios da uma bela chapada buscando o ângulo, porem a bola novamente sai para fora tirando tinta. O jogo no segundo tempo era muito melhor, principalmente pois o Flamengo passou a achar os espaços que precisava para jogar, e aos 11 minutos quase empatou o jogo, até hoje não sei como essa bola não entrou.

Gerson deu bom passe para Everton Ribeira na ponta esquerda, o canhotinho conduziu a bola rente ao pé e achou ótimo passe para Gabigol, que na entrada da área faz belo pivô para Bruno Henrique, o veloz atacante invade a área, vai em direção ao gol e centra a bola, que passa por Arrascaeta, sobra em Gabigol que chuta na zaga do River, a bola cai nos pés de Everton Ribeiro que chuta firme para um milagre de Armani.

A partir deste momento o jogo passou a ficar mais truncado, aos 21 minutos Jorge Jesus chama Diego Ribas para entrar, o ótimo meio campo entra e passa a dar uma cara melhor ainda ao Flamengo, que consegue ficar mais com a bola e sofrer menos nos ataques do Millionario, porém, aos 34 minutos foi do River a chance de aumentar o placar, Suárez pega a bola quase na linha de fundo pela a direita, da um chpéu no defensor do Mengo e dá lindo passe para Palácios, que finaliza de primeira e mais uma vez a bola sai tirando tinta da trave, que sufoco!

Estava nítido que o Flamengo não se dava por vencido, porém o River fazia um jogo duríssimo e tentava minimizar a todo custo qualquer chance do Flamengo, porém o tempo passava e se não era na qualidade era na quantidade que o Flamengo iria fazer a diferença, a partir dos 80 minutos o Flamengo se jogou para frente e passou a aplicar o pressão constante, o que aos 44 minutos deu certo.

Diego rouba a bola de Lucas Pratto que acabara de entrar no jogo, a jogada continua e a bola chega na ponta esquerda com Bruno Henrique, o velocista vai driblando para o meio até que vê a infiltração de Arrascaeta do meio para a direita da área, Bruno acerta passe açucarado, o Uruguaio em disputa com Pinola consegue dar um carrinho preciso para cruzar para Gabigol, que finaliza livre para dentro do gol, o empate veio, 1×1.

Os jogadores do Flamengo comemoram muito e pareceram ganhar um gás amais para o final do tempo regulamentar, logo após 2 minutos do gol, Diego Ribas acerta Lançamento magistral para Gabigol, que pode até não ter feito o grande jogo que todos esperavam, porém estava em mais um dia iluminado, o atacante disputa a bola com Pineda, o argentino toca de cabeça mas não consegue afastar a bola, que fica posicionada perfeitamente para Gabigol finalizar firme e selar o destino de um dos maiores times que o futebol sul-americano já viu.

Flamengo campeão da Libertadores de 2019, numa virada heróica e histórica, com um herói chamado Gabriel Barbosa, ou melhor Gabigol o herói da nação Rubro-Negra, que coroou uma equipe incisiva e que jogava uma futebol ímpar, que dificilmente veremos novamente.

Gabigol mostrando sua camiseta ao estádio após marcar o gol do título da Libertadores de 2019. Imagem: Divulgação

 

Escrito por João Felipe Miller

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