Amistoso Internacional Espanha 3 x 3 Brasil. As seleções se enfrentaram no Santiago Bernabéu no dia 26 de março de 2024.
Veja conosco tudo que envolveu essa partida bastante simbólica.
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O pré-jogo
O caso Vinicius Jr e o racismo na Espanha
Não é novidade que o Brasil tem tido dificuldade em enfrentar seleções europeias em Copas do Mundo.
Tendo em vista esta pedra no sapato, a CBF buscou realizar amistosos contra seleções do Velho Continente.
No último sábado, a Seleção Canarinho enfrentou a Inglaterra e agora pegava a Espanha.
A eleição da Espanha como adversário não foi por acaso. Ambas as federações marcaram o amistoso para simbolizar a luta contra o racismo, tendo como rosto da campanha, Vinicius Jr, que vem sofrendo com o preconceito vindo das arquibancadas em jogos de La Liga.
Assim, antes da partida, o atacante do Real Madrid concedeu entrevista coletiva, na qual demonstrou estar cansado por ter sido eleito o carregador desta bandeira.
Ainda, disse que se não fosse por aqueles que se beneficiarão de sua luta, já teria parado.
Tudo isto nos faz refletir. Será que houve algum intuito real das federações espanhola e brasileira em criar um marco na luta contra o racismo ou isto serviu de meio para a promoção da partida.
Ali, na coletiva de imprensa, ficou claro que Vinicius Jr está sozinho neste tema tão importante para a sociedade. Não vimos ninguém ligado à RFEF presente para demonstrar solidariedade, tampouco representantes da CBF. O Presidente Edinaldo Rodrigues, é um homem negro que se diz simpático à causa, também não se pronunciou.
Fato é que Vini expressou seus sentimentos e caiu em lágrimas, que foram aplaudidas pelos jornalistas presentes.
Cabe a indagação. Toda essa situação merece palmas?
Vinicius Jr tem apenas 23 anos e já carrega em seus ombros a responsabilidade de ser o principal jogador do maior time do planeta, bem como da maior seleção da história.
Imagem: Pierre-Philippe Marcou/AFP
A arbitragem
Quando nos aprofundarmos nos eventos da partida, notaremos a razão pela qual a arbitragem foi um dos temas mais polêmicos do amistoso.
Preliminarmente, contrariando as demais partidas desta data FIFA, a RFEF comunicou não ser necessária a utilização de VAR, dispensando esse dispositivo, que pelo que notamos, é imprescindível para uma partida de futebol nos dias de hoje.
Como se não bastasse, o árbitro indicado para a partida seria o português João Pinheiro, mas às vésperas foi substituído por seu compatriota, o juiz António Nobre.
O motivo teria sido uma lesão de João Pinheiro.
Imagem: Reprodução ESPN Brasil
Amistoso Internacional Espanha 3 x 3 Brasil
No que concerne ao jogo de futebol, vamos aos fatos.
A Espanha, desde o primeiro toque na bola, imprimiu um ritmo alucinante. O Brasil simplesmente não fazia ideia de como vencer a pressão da saída de bola, tampouco como ajustar a marcação.
Ora, Lamine Yamal, o impressionante garoto de 16 anos que foi o melhor em campo, ora Nico Willians sobravam na marcação.
Frequentemente os extremos espanhóis se encontravam em situações de 1×1 com os laterais brasileiros, Danilo e Wendel, que levavam a pior na marcação.
Foi desta forma que logo aos 10′, Lamine Yamal fez grande jogada passando por todo o sistema defensivo brasileiro e invadiu a área. Quando vem a marcação de João Gomes, Yamal simula o penalti e o árbitro, de maneira vergonhosa, assinala a marca da cal.
Na realidade, nem todos os jogadores entenderam que se tratava de um penalti. Não houve convicção nenhuma por parte do árbitro português. Ele olhava o assistente atrás de alguma explicação, que não veio.
Na cobrança, Rodri cobra firme no meio e abre o placar para os donos da casa.
A pressão espanhola continuava num ritmo estarrecedor.
Até os 35′, quando a Furia ampliou o placar, pelo menos quatro boas chances já haviam sido criadas. O controle das ações era total.
Na referida minutagem, Dani Olmo que foi testado e aprovado na posição de meia criador, dá simplesmente uma caneta em Beraldo dentro da área, corta João Gomes e chuta colocado para vencer Bento. Uma verdadeira pintura do meia espanhol.
O prejuízo brasileiro poderia ter sido muito maior, mas o futebol cobra caro.
Em saída de bola equivocada do goleiro Unai Simón, Rodrygo intercepta o passe e, pensando muito rápido, encobre Simón com um toque de cobertura de fora da área. Mais um golaço, marcado aos 39′.
A Espanha até teve mais chances de ampliar antes do fim da primeira etapa, mas que não se concretizaram.
Vem o segundo tempo e, para aqueles que achavam impossível jogar tanto tempo em alta intensidade, estavam enganados. A Furia voltou com força total e nos primeiros três minutos teve boas oportunidades de ampliar.
Ocorre que, aos 49′, brilhava mais uma vez a estrela de um daqueles que tem tudo para ser um dos grandes nomes do futebol mundial; Endrick.
O garoto prodígio entrou no intervalo. O Brasil tinha seu primeiro escanteio da partida. A bola resvala na zaga e sobra limpa para o jovem homem gol fuzilar, de primeira, sem deixar a bola cair, e empatar a partida.
Depois disto, o jogo ficou um pouco mais aberto. A Espanha criava as melhores oportunidades e tinha o controle da partida, mas pela questão física, começou a ceder alguns espaços para o Brasil.
Logo, aos 87′, Carvajal é acionado em velocidade na área, tromba com Beraldo e é marcado mais um penalti para Espanha. Mais uma vez, uma penalidade absolutamente absurda. Os jogadores e comissão técnica do Brasil simplesmente estavam incrédulos com outro erro gravíssimo.
Rodri, mais uma vez, foi para a bola e converteu a cobrança.
Quando parecia tudo acabado e a frustração tomava conta dos corações brasileiros, Yan Couto cruza para Galeno, que ao tentar sair da marcação de Carvajal tem a penas segurada pelo lateral. Penalti para o Brasil. Um dos tantos que poderiam ter sido marcados, já que Fabricio Bruno havia sido agarrado dentro da área diversas vezes em cobranças de escanteio.
Pelo que foi relatado, Endrick teria pego a bola para cobrar, mas no final foi o capitão, Lucas Paquetá a ir para a cobrança e deslocar o goleiro Unai Simón, empatando a partida.
Em resumo, o jogo foi repleto de dualidades. Se de fato a Espanha teve o controle total da partida e empilhou oportunidades, 2/3 de seus gols foram marcados em lances bizarros proporcionados pela terrível atuação da arbitragem.
O Brasil precisa ajustar melhor sua marcação sob o comando de Dorival Jr, que sai com um saldo muito positivo, no geral, em suas duas primeiras partidas.
Já a Espanha colheu os frutos de seu futebol extremamente ofensivo, que deixa espaços. O saldo para os espanhóis não é tão positivo, com uma derrota diante da Colômbio e o empate com o Brasil num início de trabalho.
Por fim, temos que ressaltar a figura de dois jovens que poderão protagonizar uma rivalidade histórica no futuro. Pelo Barcelona, Lamine Yamal e, pelo Real Madrid, Endrick.
O espanhol, um jogador de drible fácil, que atormenta o adversário os noventa minutos. Do outro, um atacante com uma força física descomunal e um posicionamento de veterano.
Vejamos as cenas dos próximos capítulos.
Imagem: Getty Images
Escrito por Vitor F L Miller.